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Empresário artístico, Marcus Montenegro defende volta de rostos veteranos à tevê

"A volta dos veteranos começou a acontecer realmente", observa o CEO da Montenegro Talents. Seu nome tornou-se sinônimo da campanha "Eu quero veteranos na TV", um movimento que vai muito além da simples nostalgia. "Luta pelo fim do etarismo"

Marcus Montenegro, empresário artístico -  (crédito: Edu Rodrigues )
Marcus Montenegro, empresário artístico - (crédito: Edu Rodrigues )

"A arte salva, cura, educa e resiste." Mais do que um lema, esta frase é a bússola que guia a vida e a carreira de Marcus Montenegro, fundador e CEO da Montenegro Talents, uma das maiores agências artísticas do Brasil. Com um casting que reúne mais de 300 nomes, incluindo pesos pesados como Nathalia Timberg, Irene Ravache, Leona Cavalli, Rosamaria Murtinho, Beth Goulart e Caco Ciocler, Montenegro se consolidou não apenas como um empresário de sucesso, mas como um defensor ferrenho da memória e do valor dos artistas veteranos.

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Seu nome tornou-se sinônimo da campanha "Eu quero veteranos na TV", um movimento que vai muito além da simples nostalgia. Ao Correio, Montenegro esclarece que o cerne da questão é o combate ao etarismo estrutural na indústria do audiovisual.

"O principal objetivo... é a gente lutar pelo fim do etarismo da televisão, da indústria do audiovisual, porque há uma redução drástica no volume de personagens de 50 anos ou mais. E, principalmente, personagens... em personagens importantes, com consistência", explica. "Eles vêm perdendo cada vez mais o protagonismo. E, no passado, as estruturas de novelas não eram assim. Há uma jovialização acelerada de todo tipo de escalação."

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O que o público quer ver

A percepção desse fenômeno surgiu em 2015, com o fim do banco fixo de atores na TV Globo. Montenegro já antevia a chegada massiva do streaming e notava o início de um apagão de personagens maduros, um quadro que se agravou a partir de 2020. No entanto, ele enxerga um movimento de refluxo.

"Eu acho que a volta dos veteranos, das novelas e personagens importantes começou a acontecer realmente", observa, citando o exemplo recente de Suely Franco na novela das sete, Dona de mim. Para ele, a reconexão com o público mais velho, fiel consumidor de novelas, é crucial. "A perda do Ibope tem muito a ver com a ausência do público em não ver mais as pessoas que cresceram e construíram a televisão brasileira."

A atuação de Montenegro não se limita ao agenciamento. Ele é também um educador. Seu best-seller Ser artista – Guia para uma carreira sólida no mundo da atuação, escrito em parceria com o jornalista Arnaldo Bloch, tornou-se uma referência ao diferenciar a celebridade efêmera do artista dedicado à sua arte. O sucesso foi tão grande que ele celebrou os cinco anos da obra autografando para uma fila interminável de fãs na Bienal do Livro.

Dessa experiência nasceu uma prática de montagem com novos atores, um desdobramento do seu curso "Ser artista 360". "É um curso que não existe no Brasil, porque ele une conteúdo do mercado de entretenimento e construção de carreira com a prática", descreve. O projeto, que contará com a participação de profissionais renomados e mentoria personalizada com Montenegro, será realizado no Teatro Fashion Mall, com o objetivo claro de revelar a próxima geração de talentos.

Novos projetos

Outro fruto do sucesso do livro é o podcast Ser artista, que retorna para uma segunda temporada com convidados ilustres como Ana Beatriz Nogueira, Isabelle Drummond, Ana Paula Araújo e Carla Marins. Os episódios, que já emocionaram o público com histórias intensas e confissões íntimas, ganharam até uma versão em vídeo exibida pela TV Samsung, através do canal YouPlay.

"Eu estou muito feliz com o reconhecimento", comemora. "O podcast vem sendo utilizado em doutorados e mestrados e também na pesquisa dos programas de entretenimento do Brasil." O material é tão relevante que já planeja transformar a centésima entrevista em um documentário e lançar um livro derivado do podcast.

Apaixonado pela cultura, Montenegro é hoje uma das vozes mais requisitadas para debater etarismo e a importância da arte nacional. E os projetos não param. Ele está imerso na escrita de quatro novos livros. Um sobre a história do Retiro dos Artistas (com André Arteche), outro com monólogos para o projeto Arte On, sua própria biografia, prevista para 2027, e um ambicioso projeto com o pesquisador Mauro Alencar: um livro comemorativo aos 75 anos da televisão brasileira.

Sobre esta última obra, adianta: "É um livro que vai marcar a comemoração... Eu fiz uma pesquisa com os 350 personagens mais importantes da história da dramaturgia nacional." A publicação, um "coffee table book" com ilustrações personalizadas, analisará o impacto socioeconômico e político desses personagens na sociedade brasileira. "Influenciando na forma de falar, de se vestir, de se comportar, revolucionando causas sociais."

Ao citar os artistas que mais marcaram sua trajetória — como Marília Pêra, Tônia Carrero, Mauro Mendonça e Francisco Cuoco —, fica claro que Marcus Montenegro não é apenas um empresário do entretenimento. Ele é um curador de legados, um ponte entre gerações e um resistente. 

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postado em 05/11/2025 21:00 / atualizado em 05/11/2025 21:00
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