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"Claudia é uma verdadeira trabalhadora brasileira", diz Lorrana Mousinho

Lorrana Mousinho estreia em "Três Graças" e celebra realização de um sonho que quase abandonou. Para compor Claudia, a cuidadora que estuda medicina, a atriz afirma: "Me inspirei em mulheres trabalhadoras que fazem parte da minha família"

Lorrana Mousinho, atriz -  (crédito: Marilha Galla)
Lorrana Mousinho, atriz - (crédito: Marilha Galla)

Há uma energia de vitória contida na fala de Lorrana Mousinho. Ao estrear como a personagem fixa Cláudia em Três Graças, a atriz e professora de teatro materializa um sonho que, em suas próprias palavras, ela quase deixou para trás, achando que a televisão não era um lugar para o seu "tipo de beleza" ou sua "classe social". Agora, vivendo uma das cuidadoras de Josefa (Arlete Salles), Lorrana não só desembarca nas novelas como já vira alvo de especulações: sua personagem seria uma espiã do marido falecido da vilã Arminda (Grazi Massafera)? Sobre os boatos, a atriz se diverte, mas prefere guardar os segredos da trama. Seu foco, nesta entrevista, é apresentar a mulher por trás da função.

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"Cláudia é aquela personagem que diz tudo a que veio em poucas linhas. É uma verdadeira trabalhadora brasileira", define Lorrana. A personagem divide o tempo entre o trabalho duro na casa de Arminda e os estudos para, um dia, tornar-se médica. "Até eu me pergunto: 'Meu Deus! Essa mulher não dorme?'", brinca a atriz.

A identificação com a jornada de Cláudia é imediata. "A nossa história é diferente, mas também muito parecida. Eu sou professora de teatro, trabalho desde o final da adolescência. Quando vejo os corres da Cláudia, lembro dos meus dias mais desafiadores, dando zilhões de aulas e, no final do dia, tirando forças pra ensaiar tarde da noite para realizar meu sonho de ser atriz."

Para compor a personagem, Lorrana buscou inspiração nas mulheres ao seu redor. "Me inspirei em mulheres trabalhadoras que fazem parte da minha família e em cuidadoras com as quais pude conversar."

Troca com veteranas

Na trama, Cláudia compartilha cenas frequentes com pesos-pesados como Grazi Massafera, Sophie Charlotte e a lendária Arlete Salles. Sobre a experiência, Lorrana não esconde o encantamento. "Elas são generosas. Todas têm muito tempo de televisão. A minha trajetória como atriz não começou agora, mas é a minha primeira personagem fixa em uma trama. Poder observá-las ajuda e inspira muito."

Foi justamente Arlete Salles quem deu um conselho valioso durante as gravações. "Ela me disse: 'Minha filha, deixe a sua marca'. Pensar os detalhes nos ajuda muito na construção disso", revela Lorrana, para quem o maior desafio é encontrar o equilíbrio na cena. "É não fazer mais do que o necessário para tentar atrair a atenção para si em momentos inoportunos e também não ficar apenas 'natural' e sumir."

Reviravolta

O caminho até a novela das 21h foi marcado por dúvidas e uma reinvenção da autoestima. Lorrana conta que a vontade de ser atriz surgiu na infância, assistindo a uma briga épica na novela Celebridade. "Entretanto, há 20 anos atrás, a televisão não era como é hoje. Assim que me tornei adulta, fui achando que o mundo da televisão não era para mim. Pelo meu tipo de beleza, classe social, pelas conexões que eu não tinha. Tomei raiva por me sentir não aceita e segui fazendo teatro, que sempre esteve de portas abertas pra mim."

O ponto de virada veio com o tempo e com a percepção de que a televisão também estava mudando. "Comecei a perceber cada vez mais pessoas comuns na tevê, perfis diversos, e fui ficando com a sensação de que poderia rolar pra mim também." 

O frio na barriga

Lorrana não deixa a sala de aula mesmo com a agenda cheia na televisão. E a experiência em "Três Graças" está sendo revertida em aprendizado para seus alunos. "Tenho trocado muito com os meus alunos sobre experiência de set", conta. Mas mudar o posto de experiente nos palcos para novata na televisão exige, segundo ela, humildade. "É bom demais e dá um grande frio na barriga. É preciso ter humildade para entender que você não está na sua zona de conforto, que você não domina aquilo." A chave, ela aprendeu, é a escuta ativa e acreditar na própria bagagem. "O teatro é uma grande escola."

E como lida com a autocrítica? "Fiquei espantada quando as pessoas começaram a manifestar que gostaram do meu trabalho, porque eu, internamente, já estava me punindo. Tenho aprendido a valorizar mais o tudo o que você pôde fazer naquele momento e ter um olhar mais doce pra mim", finaliza.

 


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postado em 16/11/2025 08:00
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