Lançamento

'O agente secreto' será lançado em 700 salas de cinema do Brasil

Grande aposta no mercado nacional, o filme de Kleber Mendonça, mesmo diretor de 'Bacurau' e 'Aquarius', tem Wagner Moura como protagonista e cotado para o Oscar

Há cinco meses, uma expectativa afirmada com a exibição e a dupla premiação do longa O agente secreto no prestigioso Festival de Cannes (em que levou prêmio de melhor ator para Wagner Moura e consagrou o melhor diretor Kleber Mendonça Filho), se remodela na cabeça do premiado cineasta pernambucano. "Há algumas semanas, comecei a ficar um pouco confuso em relação às minhas próprias expectativas. Acho que o filme está muito quente nesse sentido, muito aquecido, existe muita atenção em torno da obra — e o filme vai tomando seus caminhos". 

Alianças junto aos exibidores, a preparação da distribuidora no lançamento e a reação ao filme na crítica brasileira, bem como nas redes sociais, tracejam o percurso que alguns, desde já, arriscam trazer chance da entrada no Oscar, tal qual o feito de Ainda estou aqui, em março passado. "Minha expectativa está no desejo de o filme ser muito visto no Brasil e que seja visto também por um público jovem, um público de estudantes para a gente estabelecer essa comunicação forte entre um produto cultural brasileiro e a sociedade brasileira", avalia o cineasta, que, em Cannes, desbancou diretores como Joachim Trier, Ari Aster e a dupla de irmãos Jean-Pierre e Luc Dardenne.

Com o lançamento chegando a 700 cinemas do Norte ao Sul do País, Kleber Mendonça Filho comenta sua felicidade com a ansiedade do público de assistir O agente secreto. "Fazer um filme e as pessoas terem a curiosidade de ver, de discutir o filme, de levantar questões, de não gostar e entrar em discussões acaloradas, é tudo que eu sempre quis fazendo cinema, desde o curta-metragem", destaca o diretor. 

Para Kleber, a trajetória do longa está muito ligada às pré-estreias realizadas. "Elas sempre foram planejadas para serem grandes pré-estreias, em cinemas que são, ao meu ver, formadores de caráter de filmes", comenta. Em sua lista, o diretor se refere à estreia no Cine Brasília, no 58º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. "Quando o filme passa ali, em setembro, existe parte de uma construção da imagem e do caráter desse filme. É um filme brasileiro exibido em um festival onde a discussão, o debate, o diálogo sempre foram parte da história", reforça. 

As projeções especiais no Recife, em Porto Alegre (no Festival de Roteiro Audiovisual de Porto Alegre), na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, no Festival do Rio e a pré-estreia esta semana no Cine Glauber Rocha (em Salvador), com a presença do cantor O Kannalha, foram algumas das passadas marcantes do longa nesta temporada de pré-estreias. 

O cinema nacional possui a capacidade de retratar um país, segundo Kleber Mendonça. "Eu acho que os melhores retratos não são perfeitos, mas são verdadeiros. Quando você se depara com uma obra cultural feita no seu país, que pode ser um livro, uma música, um disco, um filme de cinema. Se essa obra é feita com muita verdade, honestidade e amor pelo que está sendo retratado, eu acho que nós melhoramos, avançamos uma casa como cidadãos", destaca o diretor. 

Kleber ressalta que, desconectado do Brasil na época da pandemia, a arte o ajudou. "Eu lembro tanto na época da pandemia quando a gente tava muito em baixa por vários motivos. A forma como a sociedade brasileira escolheu um governo muito pouco amoroso com o próprio Brasil. E eu vi um show, em live, de Caetano Veloso, depois eu vi uma live de Betânia, de Gil, de Gal Costa. Foram momentos que me lembraram que esse país é incrível. Eu me reconectei durante aquela semana ou aquela noite com o Brasil que é incrível", relembra. "Eu acho que quando um filme faz isso, ele coloca o brasileiro e a brasileira em contato com o país. Isso é muito bom", finaliza.

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