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Vinicius Redd fala da preparação para novo protagonista na televisão

Gravando como "Ben-Hur" na Record após ganhar a web com participação em "Vale tudo", Vinicius Redd relembra trajetória iniciada aos 17 anos e destaca que está há quatro meses focado na preparação física e na análise do personagem épico

A trajetória de Vinícius Redd da adolescência no interior de São Paulo para os protagonistas na televisão e no cinema é marcada por mais do que talento: é guiada por uma filosofia de trabalho que valoriza o coletivo e a entrega. Nascido na capital e criado em Araçatuba, o ator de 34 anos, que hoje grava Ben-Hur na Record, revela que sua bagagem vai muito além dos sets de gravação.

A mudança para São Paulo aos 17 anos foi o primeiro grande ato de sua vida adulta. "Sair de casa... foi um divisor de águas", confidencia Redd, que é conhecido na emissora da Igreja Universal por trabalhos em Gênesis, Reis e A Rainha da Pérsia, e agora viverá Judá Ben-Hur, o herdeiro de uma família nobre que tem sua vida transformada por uma traição.

Vinicius divide um insight que guia sua carreira: a crença de que a experiência de vida é o combustível principal para um ator. Citando Cillian Murphy, ele reflete: "Acho que o que ele quis dizer é que quanto mais experiência de vida você tem, melhor você se torna no ofício — e eu acredito muito nisso. Viver, observar, errar, se adaptar… tudo isso acaba voltando para a cena de alguma forma."

Foi no Estúdio Fátima Toledo, seu primeiro contato com a atuação em 2010, que essa centelha se tornou chama. "Em algum momento ali, eu percebi que era aquilo que eu queria fazer para o resto da vida", relembra. O aprendizado crucial daquela época, no entanto, não foi uma técnica isolada, mas a compreensão do cinema como um "trabalho profundamente coletivo".

Ele descreve seu primeiro curta-metragem, um plano sequência de 12 minutos, como uma aula prática dessa lição. "Aprendi ali o valor de cada função dentro de um set, de como tudo precisa funcionar em harmonia pra cena acontecer", diz, lembrando que, na ocasião, chegou a operar o boom de som, mergulhando em todas as facetas da produção.

Essa dedicação integral tornou-se sua marca registrada. Para viver um personagem carioca na série Perrengue (MTV), Redd adotou o sotaque como uma segunda pele. "Optei por viver ele o tempo todo, mesmo fora das gravações", conta, detalhando um meticuloso processo de observação e imersão que incluiu até idas à praia para absorver a cadência local.

O ápice dessa abordagem meticulosa veio com a série Reis, onde interpretou dois personagens simultaneamente. O desafio, segundo ele, era "separar as personalidades", exigindo uma concentração constante. A recompensa, no entanto, foi a melhor possível: "A maior satisfação foi ouvir do público que percebia claramente a diferença entre eles — muita gente até achava que eram dois atores diferentes."

Divulgação - Vinicius Redd, ator

Protagonismo

Atualmente, esse mesmo espírito está sendo canalizado para um de seus maiores desafios: o protagonista na adaptação de Ben-Hur. "Estou há quatro meses focado na preparação física, pesando comida", revela, sob supervisão do nutricionista Marcus Gopfert, resultado em 10 kg de massa muscular. A preparação é completa, incluindo a análise do livro original e das diversas adaptações cinematográficas com a preparadora Nara Marques.

"Está sendo um processo muito divertido", garante o ator, que foi irmão de Marina Ruy Barbosa na novela Deus salve o rei (2018), da TV Globo, e conquistou o prêmio de Melhor Ator no Festival Cine PE em 2015, logo no começo da sua trajetória. "Hoje, eu olho para trás e entendo o valor que aquilo teve, mas, na época, eu só queria continuar trabalhando", conta.

Este ano, Redd fez uma participação especial como Heitor, um do amantes da poderosa Odete Roitman (Debora Bloch), em Vale tudo. Ao lado da veterana atriz, protagonizou uma das cenas mais controversas do remake, quando a vilã ficou eufórica jogando game usando óculos de realidade virtual. "Matar pessoas virtuais é muito relaxante", disse a megera, , enquanto seu acompanhante bebia champanhe sem camisa. "A Débora me recebeu super bem. A gente se divertiu nas gravações. Foi uma experiência rápida, mas muito boa de viver", destaca ele, que virou sensação na web.

Trabalhos de grande visibilidade não são novidade. Vinicius é um dos destaques do filme Lulli, comédia romântica em que viveu o namorado da mocinha vivida por Larissa Manoela. Há 12 anos, Redd viveu seu primeiro protagonista, na novela Além do horizonte, da TV Globo. Ele admite que, por ser seu primeiro grande trabalho na televisão, não tinha noção da dimensão daquilo. "Eu também não tinha muita experiência com o ritmo da televisão, mas dei o meu melhor na época. Depois dessa novela me senti na necessidade de estudar mais e entender melhor como tudo funcionava", observa ele, que à época, assinava Vinicius Tardio.

Pés no chão

Apesar dos projetos de grande escala, Redd mantém os pés no chão e o coração no lugar de onde começou. Sobre a frase que o define — "Atuar, para mim, nunca foi somente um trabalho, é um prazer" —, ele confirma que o sentimento permanece intacto. "A diferença é que hoje eu tenho mais consciência e maturidade", pondera, admitindo que aceitou trabalhos pela necessidade financeira, mas que o sonho permanece ser "aquele lugar do começo, dos curtas... em que eu fazia só por amor".

Se pudesse voltar no tempo e dar um conselho ao próprio eu aos 17 anos, suas palavras seriam de resiliência e confiança: "Deus sabe o que faz. Tenha paciência e confie no processo — tem coisas que a gente só entende com o tempo. Vão ter dias que você vai querer desistir; continue." 

 


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