Crítica

Dedo na cara e gritaria: confira a crítica do novo filme de Ari Aster

Filme dirigido por Ari Aster projeta um painel explosivo de uma pequena cidade fronteiriça dos Estados Unidos

Crítica // Eddington  ★★

O ódio nas redes sociais, nativos em conflito (velado) no Novo México, justiçamento e um sobrevoo na obrigatoriedade do isolamento diante do descontrole com a Covid-19. O painel do diretor Ari Aster parece suculento, com direito até ao registro do armamento de cidadãos; mas, pouco a pouco, se tem a impressão de que resulta no peso daquelas mensagens nada interessantes que você deixa de lado no celular. Aliado ao excesso de personagens, e a um foco nada centrado, o roteiro engatinha em psicologismos e autoanálises da fauna de tipos e demonstra fragilidade, ao estourar numa tela grande de cinema.

Joaquin Phoenix tenta carregar Eddington nas costas, na pele do xerife Joe, em atrito constante com o prefeito interpretado por Pedro Pascal (a meio termo de desinteresse completo), o pai solteiro Ted, surpreendido pelo sumiço da esposa, e que acalenta rusgas com Joe. Emma Stone se confirma opaca, à frente da personagem que acirra o conflito entre os dois homens.

No lugar do marasmo típico da cidade retratada por Robert Altman, em A fortuna de Cookie (1998), Ari Aster apimenta o pretensioso longa com um furacão humano, disposto pela contrariedade coletiva diante da morte de George Floyd (em Minneapolis). Crimes se evidenciam em Eddington, por complicações políticas, pela virtual impunidade assegurada aos privilegiados e ainda por rastros de racismo e pedofilia.

Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular

Na colcha de retalhos promovida pelo longa de Ari Aster, os destaques ficam para a atriz associada às fitas de Charlie Kaufman, Deirdre O´Connell, no papel da sogra amalucada de Joe e para Vernon Peak (Austin Butler), com discurso de altas libertações sociais. Entre uma matança prenunciada, o resultado conspira para um faroeste modernoso, aos moldes de Quentin Tarantino (mas que não se resolve) em que as máscaras cabem (ou não) na pele de transtornados sofredores da pandemia.

 

Mais Lidas