
O ator e produtor teatral André Deca vive um momento de intensa multiplicidade profissional. Enquanto repercute a participação na série Arcanjo Renegado do Globoplay e grava a novela Coração acelerado, da Globo, onde interpreta Xavier, o filho do Distrito Federal também acaba de finalizar suas cenas no longa-metragem Verão da lata e mantém a gestão da Deca Produções, uma das mais ativas produtoras de teatro da capital. "Este ano tive a sorte de emendar um trabalho no outro e precisei me desdobrar bastante para dar conta de tudo", comenta Deca sobre a rotina.
Para ele, cada frente exige uma energia específica. "Todos os trabalhos exigem muito, mas o teatro demanda uma energia ainda maior, por conta dos ensaios, da produção e das apresentações. No audiovisual, as participações costumam ser mais pontuais, o que possibilita conciliar melhor", analisa. A estrutura de sua produtora, que em 2025 realizou cerca de 20 espetáculos em turnê, é um pilar fundamental nessa organização. "Conto com uma equipe excelente na produtora, que cuida muito bem da produção executiva, o que me permite atuar com mais tranquilidade."
Sobre seus recentes projetos na televisão, ele evita spoilers, mas compartilha o entusiasmo. "Foi um grande prazer e um enorme aprendizado participar de Arcanjo Renegado", diz sobre sua atuação como o marqueteiro Dida Brandão na série do Globoplay. Já Coração acelerado marca seu retorno às novelas após anos.
No cinema, a experiência foi reencontro. "O Santiago Dellape é um parceiro de longa data", afirma sobre o diretor brasiliense, com quem já trabalhou em outros projetos. Sobre Verão da lata, comédia que revisita um episódio real dos anos 80, ele destaca: "Foi extremamente prazeroso e enriquecedor contracenar com atores como Babu Santana, Samanta Schmutz, Ademara... Fui convidado para viver o cinegrafista Bira".
A carreira dupla de artista e gestor começou cedo. A Deca Produções existe desde 2003, mas a veia produtiva vem de antes. "Produzo e atuo nos meus próprios espetáculos desde 1990, quando comecei a fazer teatro. Sempre tive essa postura", revela. Ele acredita que a autonomia é crucial. "Acho que, se o artista quer ter independência, precisa entender um pouco de produção e se autogerir. Não dá para ficar apenas esperando convites."
Circuito teatral
Um dos frutos dessa visão é o Circuito de Teatro Brasileiro, que traz grandes nomes nacionais a Brasília via Lei Rouanet. "Isso só foi possível graças à Lei Rouanet", explica. "Com o patrocínio da Brasal, conseguimos montar uma programação mais diversa, com espetáculos de temas mais profundos, além dos mais comerciais", comemora ele, que, em 2025, recebeu nomes como Vera Holtz, Beth Goulart, José de Abreu, Vera Fischer, Marcos Caruso, Eliane Giardini entre outros, tendo ocupado os teatros Unip, Royal Tulip e Poupex.
Para 2026, a quarta edição do circuito tem confirmados nomes como Susana Vieira e Reynaldo Gianecchini. "É visível como o público tem comparecido cada vez mais. Brasília é considerada uma das grandes praças teatrais do Brasil, com um público exigente, crítico e muito presente."
Deca afirma que consegue separar as funções de produtor e ator quando está em cena. "Completamente. Quando entro em cena ou estou diante das câmeras, estou cem por cento focado no trabalho como ator".
Sobre a recorrência de projetos com temática social e política, como Arcanjo Renegado e a peça Atrás das paredes, ele pondera: "Não diria que é apenas coincidência, mas também não é algo que eu busque ativamente. Tenho vontade de atuar em comédias e em outros gêneros também". No entanto, destaca o trabalho da Cia. Plágio de Teatro, da qual faz parte. "Lá, buscamos criar espetáculos com um olhar social e político, que provoquem reflexão."
Olhando para o futuro, André Deca não pensa em diminuir o ritmo. "Quero continuar em movimento, trabalhando muito. Produzindo teatro em Brasília e atuando cada vez mais no audiovisual — cinema, tevê, séries e novelas. Não penso em dirigir no momento", afirma.
Para jovens que desejam trilhar um caminho versátil como o seu, seu conselho é prático: "Aprender fazendo. Acho que esse é o principal caminho. Correr atrás do que você quer e não ficar esperando convites". Ele conclui destacando a importância da iniciativa: "Juntar-se a amigos, começar a se produzir, estudar, se informar e se especializar é essencial. A carreira artística exige iniciativa, persistência e preparo."

Diversão e Arte
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