Cinema

Paulo Miklos estreia 'Saudosa maloca', longa sobre o samba de Adoniran

Filme de Pedro Serrano trata da vida e da obra do mais reconhecido agitador do samba paulista

Saudosa maloca: resistência e apagamento -  (crédito:  Paulo Miklos/Divulgação)
Saudosa maloca: resistência e apagamento - (crédito: Paulo Miklos/Divulgação)
postado em 22/03/2024 10:42 / atualizado em 22/03/2024 11:46

Crítica // Saudosa maloca ★ ★ ★

Aos poucos, o espectador de Saudosa maloca desvenda a narrativa do longa assinado por Pedro Serrano e estrelado por Paulo Miklos. Num palacete abandonado, estão concentradas as aventuras de Adoniran (Miklos) que puxa da memória enredos de causos vividos e narrados para o garçom Cícero (Sidney Santiago Kuanza). O vocabulário de Adoniran Barbosa segue ileso, e está lá, lapidado no roteiro: vorta, frexada, mariposa e cheguêmos.

Salpicados de amizade e singeleza, os causos do cantor e compositor serão contados. Direto e simples, ele é capaz de arranques como "quem gosta de conversa é telefone" — ao cortar o papo com o garçom que ele teima em chamar de Ciço.

Mocozado, ao lado de Mato Grosso (Gero Camilo) e Joca (Gustavo Machado, sempre eficiente), Adoniran confirma, por vezes, que "malandragem é fome". Modulado no tempo, o filme aposta na vida e obra do homem atento ao deambulante Mané (inconformado com o sumiço de Inez, num universo em que reverbera a letra de Apaga o fogo Mané), à falta de sono de Dona Julia (mãe do Joca, incapaz de dormir, enquanto ele não chegar) e ao arrasador destino da cortejada Iracema (Leilah Moreno).

Sem ser retumbante, o filme celebra a festividade e uma ginga nem tão cintilante, mas que dá conta de riso ou outro, a partir do consumo de "mé", do dia a dia de quem encara o trabalho como algo "pornográfico" e dos espertos que investem na destreza de roubar bolinhos das animadas mesas de bar.

 


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