Artes visuais

Conexão com a terra une obras de exposição de artistas de Brasília

Exposição no TCU reúne obras de Matias Mesquita, Adriana Vignoli e César Becker, que têm em comum reflexões sobre a terra

A Astroflora de Adriana Vignoli remete a formas orgânicas e cosmogônicas -  (crédito: Diego Bresani)
A Astroflora de Adriana Vignoli remete a formas orgânicas e cosmogônicas - (crédito: Diego Bresani)

A terra é o elemento que une os trabalhos de Matias Mesquita, Adriana Vignoli e César Becker na exposição Terra Concreto, em cartaz na Galeria Marcantonio Vilaça, no Centro Cultural TCU. Com curadoria de Renata Azambuja, a exposição reúne obras inéditas e começou a ser idealizada em 2020 como uma coletiva imersiva na qual não houvesse separações entre as obras dos três artistas.

Segundo a curadora, a ideia é de que os trabalhos não ficassem apenas um ao lado do outro, mas integrados. O chão da galeria foi coberto com terra, em contrate com o concreto das paredes, para receber as obras. "A ideia era de que tivesse três artistas com relação com a terra e com o concreto em seus trabalhos. É uma alusão a Brasília e são alusões diferentes à terra", explica Renata.

Flores secas ou fundidas com metais são a base das obras de Adriana Vignoli, que também traz elementos da cosmogonia e reproduções de meteoros fundidos em metal numa referência a formações muito antigas. "E tem uma relação com a morte", avisa Renata. "Ela começou a ter uma relação com as plantas muito forte após a morte da mãe. O trabalho continua geométrico, mas com integração forte com o planeta Terra."

A terra aparece de forma mais originária no trabalho de César Becker. Mais preocupado com o processo de produção do que com a intervenção em si, o artista procura deixar rastros. "Ele expõe a terra como ela é e trabalha com o corpo", explica a curadora, ao lembrar que Becker trabalha ao ar livre e também é escalador. O artista mantém o ateliê próximo a uma pedra de escalada. "Ele tem um quê de filosófico muito complexo na abordagem. É um trabalho primevo, com o mínimo de intervenção possível, e relacionado com o corpo e com escalada", diz Renata.

Matias Mesquita transita pelo processo da construção e traz para a galeria tijolos e concreto em uma estrutura caótica. "Tem alguns estalactites com um efeito meio liliputiano. Você olha de cima e parece uma cidade", repara a curadora. Segundo ela, há uma tendência na arte para a produção de obras relacionadas com o meio ambiente, uma espécie de consequência da pandemia. "Na época da pandemia, houve essa necessidade de se aterrar, de se relacionar mais com o mundo como ele é, e isso tem a ver com as questões ambientais, com olhar mesmo para o chão, com voltar para as coisa mais primitivas, o início das coisas", reflete. "O desejo dos três artistas era muito esse."

 


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postado em 05/04/2024 07:00
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