Gastronomia

Sabor apimentado é marca de diversas culinárias ao redor do mundo

Além de saborosa, a pimenta traz diversos benefícios para a saúde. Conheça restaurantes da cidade que são adeptos de pratos quentes

Kimchi JeonGol, caldeirada apimentada do Soban -  (crédito:  2025 Pedro Santana/CB/BA PRESS)
Kimchi JeonGol, caldeirada apimentada do Soban - (crédito: 2025 Pedro Santana/CB/BA PRESS)

Tempero marcante e indispensável em diversas culturas, a pimenta é um dos ingredientes mais utilizados quando o objetivo é intensificar o sabor dos pratos. A iguaria é extremamente popular nas cozinhas indiana, tailandesa, coreana e até mesmo brasileira, conhecidas pelos paladares intensos, em que o calor faz parte da gastronomia. Para além da culinária, ela é uma ótima aliada da saúde — o fruto traz diversos benefícios para o metabolismo do corpo.

Segundo o nutrólogo e endocrinologista Wandyk Alisson, o consumo de pimenta no cotidiano pode ser benéfico para o melhor funcionamento do organismo. "A maioria das pimentas são ricas em capsaicina, bioativo que dá a característica de ardência, mas, mais importante que isso, tem propriedades que agem no metabolismo energético do corpo", explica o médico. Entre os principais benefícios, destacam-se o auxílio na regulação do metabolismo e no controle de peso.

"Quando consumimos pimenta em nossas refeições, a nossa temperatura corporal aumenta. A capsaicina ativa os TRPV1, receptores de dor e calor, elevando a temperatura do corpo e estimulando a queima de gordura. Isso exige que o organismo utilize mais energia, acelerando o metabolismo", detalha Wandyk. "A pimenta ainda melhora a função cardiovascular reduzindo os níveis de colesterol, além de ter propriedades anti-inflamatórias e analgésicas", complementa.

Em Brasília, restaurantes voltados para as culinárias amantes da pimenta oferecem pratos cheios de sabor e picância. Confira!

Alívio no dia-a-dia

Na 111 Sul, o restaurante coreano Soban foi batizado com a palavra que significa, no país asiático, "mesa pequena ou individual". Isso porque, quando os proprietários Paulo Yang e Patrícia Lee decidiram abrir um restaurante voltado para a cozinha tradicional da Coreia, sabiam que seria um desafio fazer um menu todo a la carte, sem produções em escalas maiores. "A gente atende especialmente cada pessoa, fazendo cada pedido individual e colocando nosso carinho em cada prato", explica Paulo.

Quando o assunto é comida apimentada, ele explica que a cultura da pimenta na culinária coreana não é milenar. "Começou há uns 300 anos, pelo kimchi (fermentação de legumes). Os coreanos começaram a pegar pesado no sabor apimentado com o objetivo de aliviar o estresse, e isso continua até agora. O ato de assoprar um pouco na hora de comer a pimenta é uma forma de desestressar também, como se fosse um suspiro mesmo", detalha.

"A comida coreana é muito conhecida pelos pratos apimentados, que muitos têm até medo de experimentar. Mas nós convidamos nossos clientes a provarem as nossas opções com pimenta, para ver se eles também acham que ajuda no estresse do dia-a-dia", conta o proprietário.

A sugestão da casa é o Kimchi JeonGol (R$ 165 — de duas a três pessoas), caldeirada apimentada de kimchi, panceta, tofu e legumes. Para acompanhar, o menu do restaurante conta com opções de bebidas típicas do país asiático, como chá coreano Ginseng (R$ 12).

 

Ardência indiana

Desde a chegada em Brasília, há 15 anos, o indiano Kamal Bishnoi procurava um restaurante que o lembrasse das raízes — em 2019, então, ele abriu as portas do Indian Lounge Restaurante. "Aqui, temos uma comida que você realmente pode chamar de indiana. Precisamos fazer algumas adaptações, claro, porque a maioria dos brasileiros não consome pimenta igual consumimos na Índia, então damos opções para os nossos clientes. Eles podem escolher o nível de picância dos pratos: zero, pouco, médio, muito e spicy indiano", explica o proprietário.

No menu, um dos destaques é Kashmiri Mutton Rogan Josh (R$ 57,99), pedaços de cordeiro com molho baseado em cebola, alho, gengibre e especiarias aromáticas. "Eles levam em torno de sete temperos, além da cebola, alho e gengibre, que dá um gosto bem diferente. Ele combina, inclusive, com esse período de chuva e frio, esquenta muito bem", acrescenta Kamal. O prato é acompanhado por chapati, o pão indiano, e uma porção de arroz.

Para harmonizar, a sugestão é a sherbet (R$ 10,99 — 400ml), bebida muito popular na Índia. "Ela acompanha muito bem nossos pratos, porque é refrescante. Ela é feita com águas de rosas e um toque de limão, então ameniza bem a pimenta", detalha.

Variedade apimentada

Ideia que surgiu durante uma viagem à Tailândia, o Same Same saiu do papel e abriu as portas em 2019. O menu da casa reúne alguns dos pratos mais populares do Sudeste Asiático e busca replicar os sabores da comida de rua da região. "A pimenta desempenha um papel essencial na culinária asiática, usada para intensificar os sabores e equilibrar elementos como o doce, salgado e azedo", destaca a proprietária Raquel Siqueira.

"Cada país tem suas variações e níveis de picância. Na Tailândia, por exemplo, são usadas mais pimentas frescas, enquanto na Coreia, a pasta de pimenta gochujang conquistou o mundo", explica a sócia. Raquel acrescenta que a picância também tem a ver com o clima tropical da Ásia: "ela ajuda a regular a temperatura corporal e preservar alimentos".

Para os amantes da pimenta, a sugestão da casa é o pad thai, entre R$ 58,80 e R$ 72,80, nos sabores frango, cogumelos, tofu, carne e camarão. "Pad thai é um dos pratos mais emblemáticos do restaurante Same Same but different em Brasília. Este prato tradicional tailandês combina macarrão de arroz salteado com camarões, frango, filé ou tofu, ovos, broto de feijão e amendoim torrado, tudo envolvido em um molho de tamarindo equilibrado que harmoniza sabores doces, salgados e ácidos", descreve a proprietária.

"É uma opção que agrada tanto aos apreciadores da culinária asiática quanto àqueles que desejam experimentar algo novo", complementa.

Para acompanhar, o restaurante indica o chai fresh (R$ 14), suco refrescante de laranja, limão e gengibre, levemente adocicado. Também há opção da bebida alcóolica, com adicional de vodca nacional (R$ 32,80), gin nacional (R$ 32,80), saquê nacional (R$ 32,80), vodca importada (R$ 42,80), gin importado (R$ 42,80) e saquê importado (R$ 42,80).

Pimenta arretada

Inaugurado em abril de 2019, o Bahea Cozinha Baiana tem a proposta de trazer para o Planalto Central o que há de mais autêntico na cultura do estado da Bahia para Brasília. Inspirado nas tradições culinárias da terra do axé, o restaurante combina pratos típicos e produtos exclusivos. Um dos pilares da casa é a fidelidade à gastronomia da porção de terra nordestina: "Cada prato é preparado com ingredientes frescos e regionais, seguindo as técnicas tradicionais de preparo", garante o sócio-proprietário Vitor Hugo.

O carro-chefe do restaurante é o acarajé no prato (R$ 27,71), preparado à moda tradicional, com bolinho de feijão-fradinho frito no azeite de dendê e recheado com vatapá, caruru, vinagrete verde e camarão e uma dose de pimenta baiana. Para acompanhar, a sugestão do restaurante é a cerveja Proa Sour de Caju (R$ 32,71), bebida artesanal baiana trazida cidade de Lauro de Freitas.

"Refrescante e levemente ácida, com notas tropicais de caju. Sua leveza e acidez equilibram perfeitamente o toque apimentado do acarajé, criando uma excelente harmonização", garante Vitor.

Victor Hugo afirma que na cozinha do restaurante, a pimenta é tudo. "Ela dá aquele toque especial que realça o sabor e o aroma dos pratos, além de ser uma marca registrada da comida baiana. Aqui no Bahea, a gente usa várias, como a dedo-de-moça, malagueta, pimenta-de-cheiro e até a boa e velha pimenta-do-reino. Elas entram no preparo de tudo: moquecas, bobós, acarajés e, claro, nos molhos que acompanham esses pratos", diz.

"A comida baiana tem essa fama de ser "quente" justamente por causa das pimentas que usamos e que acompanham grande parte dos pratos típicos. Ela abraça e faz a gente sentir ainda mais o sabor dos ingredientes", finaliza Vitor.

Isabela Berrogain
postado em 17/01/2025 06:00
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