
A ideia começou como um desafio e uma vontade de deslocamento. Idealizado e coordenado pelo coreógrafo e pesquisador Camillo Vacalebre, o projeto seRparAção — políticas do dançar e da iMpertinência chega à Rodoviária do Plano Piloto neste sábado (2/8) e no domingo (3/8) para uma série de intervenções que exploram a interação entre sujeitos e espaços diferentes. Foram nove encontros em uma residência que procurou lidar com temas como capacitismo, etarismo, colonialismo, exclusão, gordofobia, racismo e transfobia para construir as performances apresentadas pelos 17 dançarinos neste fim de semana.
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A intenção de Vacalebre era juntar um grupo de pessoas diversas para gerar um material para reflexão e criação em dança e performance que afirmasse a expressão das diferenças. Entre os participantes, alguns são dançarinos profissionais, outros são do campo da educação, das artes, do teatro e da dança. "A ideia começou com a vontade de quebrar a bolha, de enxergar e experienciar as necessidades dos outros", explica o coreógrafo. Eu tinha a ilusão de que fosse possível entrar na pele do outro, mas estou aprendendo que não é possível, o possível é se sensibilizar pelo outro. Juntamos um grupo heterogéneo de pessoas, com e sem deficiências, das mais variadas identidades de gênero, das mais variadas identificações de etnia e cor. Tivemos uma formação intensiva sobre o que é realmente acessibilidade."
As performances estão divididas em duas sessões, uma amanhã e outra no domingo, e a proposta é, também, interagir com o público do local. "O pessoal vai dançar a vida. São corpos dissidentes, presenças dissidentes, expressões dissidentes. Vamos desafiar as ideias comuns de corpo como normatividade, normalidade, a estética do que é belo", avisa Vacalebre.
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A Rodoviária foi escolhida, o coreógrafo explica, porque é um lugar emblemático de Brasília. "É onde realmente ocorre, todos os dias, o espetáculo da vida, o espetáculo cru, às vezes, dramático, às vezes, não", diz, ao reforçar que a intenção é também borrar as barreiras entre arte e vida. "A gente quer trazer uma espécie de manifesto da interação da comunicação e da força do encontro entre as diversidades", garante.
Diversão e Arte
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