
Por Claudio Ferreira—Acabo de voltar de uma viagem de uma semana — em família — para o norte da Califórnia. No retorno, em meio às dores nas costas provocadas por horas intermináveis em aeroportos e aviões, deu tempo de refletir sobre o que seriam "ótimas férias". A conclusão veio fácil: boas companhias, lugares novos, comidas novas, bebidas novas e, principalmente, uma pausa na rotina.
Não sou muito exigente com férias e já foi muito zoado por isso. Alguns dizem que me contento com o trivial. Deve ser verdade. Não sou um homem de resorts, ainda não me arrisquei nos cruzeiros, não preciso de passeios exclusivos, ingressos em áreas VIP, jantares milionários ou aventuras radicais. Gosto mais de gente diferente para conversar e de me surpreender com paisagens, suvenires ou quitutes.
Na Califórnia foi assim. Para começar, estava em Napa Valley, a região dos vinhos, sendo que, normalmente, não coloco uma gota de álcool na boca. Bem, sempre é tempo de se desafiar. Não estava dirigindo, não estava trabalhando, então decidi provar uma taça de alguns dos vinhos bons que cruzaram meu caminho. Como se estivesse comendo um doce caseiro ou um pão inédito. Foi bom pra conhecer alguns rótulos, numa área onde, a cada viagem de carro, os vinhedos estão na beira da estrada te seduzindo.
Não foi dessa vez que fui à Disney californiana — a pioneira — ou às praias paradisíacas do estado. Em compensação, fiz um circuito gastronômico digno das páginas dessa revista, passando por iguarias mexicanas, marroquinas e chinesas (uma chance para o fast-food). Também incluí o hambúrguer no lanche e as berries (framboesa, amora, etc...) no café da manhã. Nada de luxo, tudo raiz.
Já fiz o circuito turístico convencional, das ruas de Nova York aos shows de tango de Buenos Aires. Adoro passar uma semana em São Paulo entre shows e peças de teatro. A água quentinha da praia de Boa Viagem, em Recife, me chama sempre. Mas cada vez mais tenho preferido o circuito turístico menos convencional.
Saio de Brasília com frequência sabem pra onde? Para Uberlândia, de carro. Atrás de quê? Do doce de leite mais maravilhoso do mundo. "E o que que tem pra fazer em Uberlândia?", me perguntam sempre. Pra mim, o doce de leite já bastava — nas versões pastosa (mais clara ou mais escura) e sólida (os cubinhos da felicidade). Mas tem a hospitalidade do mineiro, as comidas do mineiro e o jeito do mineiro.
Gosto de viagens de carro por cidades pequenas e médias. Reservar antes um hotel razoável e chegar de coração aberto, pronto para começar o circuito turístico pela igreja matriz e continuar por onde me indicarem. Comer os pratos típicos locais. Quem sabe escutar música ao vivo. Esses mergulhos rendem situações curiosas, como em uma visita a Jataí (Goiás), quando me vi em uma feirinha da praça comendo yakisoba de prato principal, curau de sobremesa e assistindo a um cover de Michael Jackson no coreto. Inesquecível!
Existem ótimas férias para todos os bolsos, prazos e prioridades. O essencial, talvez, seja planejar férias com a nossa cara. E escolher bem as companhias. Se seu grande amigo é muito consumista e você adora uma jornada em um museu, guarde a amizade para a volta. Os poucos dias fora da rotina merecem.
Diversão e Arte
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