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Mudanças climáticas afetam produção de alimentos e impactam pobreza

Abordagem foi defendida pela professora da Universidade de Brasília (UnB), Mercedes Bustamante, membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC)

Correio Braziliense
postado em 09/02/2022 19:53 / atualizado em 09/02/2022 23:33
 (crédito: Marketing/CB)
(crédito: Marketing/CB)

As mudanças climáticas, os eventos extremos e a precarização de políticas públicas são fatores que dificultam a produção e acesso aos alimentos e culminam no aumento do número de pessoas no mapa da pobreza e da fome. Por outro lado, o crescimento do consumo de alimentos ultraprocessados pode impactar diretamente o atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS). Com isso, o Brasil se distancia cada vez mais de um dos direitos fundamentais globais: o acesso à alimentação para todos.

A abordagem foi defendida pela professora da Universidade de Brasília (UnB) Mercedes Bustamante, membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e uma das principais referências no bioma Cerrado, referência internacional em clima em ambiente. A cientista participou, nesta quarta-feira (9/2), do Correio Talks, junto a outros debatedores.

Para Mercedes, a segurança alimentar no Brasil sofre a influência de conflitos, de mudanças climáticas, inclusive, tendo como uma das principais evidências a ocorrência de eventos extremos, e recuos econômicos. "Se alguém de uma família migra, ela deixa de fazer parte de um sistema local e afeta a produção de alimentos locais. Ao passo que essa mesma pessoa pode sofrer os efeitos econômicos da migração”, explica.

Como exemplo, a pesquisadora citou o esvaziamento dos conselhos consultivos da sociedade civil junto ao governo federal, como nas áreas de segurança alimentar, o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) e de meio ambiente, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).

"Houve um esvaziamento ou encerramento dos conselhos consultivos quando a gente mais precisa deles, quando aceitamos o esvaziamento de um espaço necessário para a sociedade debater a importância da alimentação. Com isso, é preciso lembrar que o direito à alimentação é um direitos humanos fundamentais", ressaltou.

Desenvolvimento


Para Mercedes, um dos desafios dos governos para a produção e acesso aos alimentos é assimilar os efeitos das questões do desenvolvimento econômico e impacto ambiental na produção e também no consumo. "Precisamos falar sobre valores, que implica naquilo sobre o que você diz não, que não aceitamos mais esse esquema de produção ou suas consequências”, defende.

Exemplo dessa questão é o quanto o desmatamento e a agricultura de poucos tipos de alimentos impactam a segurança alimentar. Enquanto no mundo, 24% do total das emissões de gases do efeito estufa são oriundas da ações humanas, no Brasil, esse indicador salta para 73%. "Precisamos decidir qual o desenvolvimento que queremos ter e nos perguntar o que a nossa cozinha tem a ver com desenvolvimento sustentável", diz.

Confira a live na íntegra:

correiobraziliense.com.br/correiotalks/sistemasalimentares.html

 

 

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