renegociação de dívidas

Golpistas espalham links falsos do Desenrola Brasil para roubar dados

Usando logomarcas oficiais do governo federal, da Serasa Experian e de outras instituições financeiras, os criminosos estão veiculando anúncios pagos para aumentar o alcance das publicações, com ofertas tentadoras para quem precisa renegociar débitos

Rafaela Gonçalves
postado em 21/07/2023 03:55 / atualizado em 21/07/2023 08:20
Com menos de uma semana do lançamento do programa do governo de renegociação de dívidas Desenrola Brasil, golpistas já estão espalhando links fraudulentos. -  (crédito: José Cruz/Agência Brasil)
Com menos de uma semana do lançamento do programa do governo de renegociação de dívidas Desenrola Brasil, golpistas já estão espalhando links fraudulentos. - (crédito: José Cruz/Agência Brasil)

Com menos de uma semana do lançamento do programa do governo de renegociação de dívidas Desenrola Brasil, golpistas já estão espalhando links fraudulentos nas redes sociais para tentar roubar dados pessoais e obter pagamentos de endividados. Usando logomarcas oficiais do governo federal, da Serasa Experian e de outras instituições financeiras, os criminosos estão veiculando anúncios pagos para aumentar o alcance das publicações, com ofertas tentadoras para quem precisa renegociar débitos.

A propaganda, incentivada ou patrocinada nas redes, joga a vítima para um phishing (site falso) da Serasa. Depois de clicar no link falso, o estelionatário tenta convencer a pessoa de que ela tem uma dívida e precisa pagar um valor aos criminosos para ter o acesso ao benefício do desconto na renegociação.

Além de pagar para os bandidos — e não para a empresa credora —, dados como CPF, endereço e número da conta bancária podem ser usados em golpes financeiros. A advogada Tainá Aguiar Junquilho, especialista em direito digital e professora do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), alerta para os riscos do vazamento de dados.

"Existe uma série de riscos com o roubo de dados, os mais graves são aqueles em que os criminosos podem conseguir o endereço da pessoa, até para cometer crimes e violências ou fraudar compras e empréstimos no nome da pessoa", explicou.

Segundo Junquilho, a prática conhecida como fishing funciona como uma "pescaria" tão logo a pessoa clica em um link falso. "Há uma engenharia social por trás desses golpes, aproveitando os momentos de vulnerabilidade da pessoa, que está precisando muito aderir ao programa, ou de situações em que a pessoa está distraída e vai clicar em algum link sem querer para coletar informações", destacou.

Segundo a advogada Neyanne Araújo, especialista em direito digital, muitas vezes, as pessoas acabam recebendo esses links imediatamente depois um vazamento de dados, em que os golpistas têm acesso a informações de pessoas que estão negativadas. "A premissa desse programa é que as pessoas entrem em contato com os bancos, e não o contrário. Caso aconteça, o que sugiro é que a pessoa procure imediatamente o seu banco e registre um boletim de ocorrência. Hoje há a facilidade das delegacias virtuais que facilitam o processo", aconselhou.

A recomendação é ser cauteloso com promessas exageradas, verificar o endereço do site, que pode conter erros gramaticais e substituição de letras por números, e ter um antivírus instalado no dispositivo, pois o software armazena uma lista de sites suspeitos.