Contas públicas

Ajuste fiscal é sinônimo de supressão de direitos no Brasil, diz Haddad

Em ato de desagravo, ministro da Fazenda afirmou que ajuste nas contas públicas deve ser feito junto com correção na desigualdade social

"Vamos cobrar a justa parte de quem não contribui hoje, para a gente ter um país melhor", diz Haddad sobre ajuste fiscal - (crédito: Renato Araújo/Câmara dos Deputados)

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu o programa de governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sobre aumentar a isenção do Imposto de Renda (IR) para a classe média baixa e o aumento da parcela de contribuição dos mais ricos. Em São Paulo, nesta sexta-feira (27/6), o chefe da equipe econômica disse que a correção das desigualdades deve andar de mãos dadas com o ajuste fiscal.

“Nós temos que entender que essa desigualdade (social) tem que ser corrigida junto com o ajuste, e não depois. Porque depois, a desigualdade vai ser maior. Então vamos fazer o ajuste certo, vamos fazer o ajuste correto. Vamos ajustar, vamos cobrar a justa parte de quem não contribui hoje, para a gente ter um país melhor, e dá para ter”, apontou o ministro, durante ato de desagravo na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (FDUSP).

Nesta semana, o Congresso Nacional derrubou o decreto do governo federal que aumenta a alíquota do IOF (Imposto Sobre Operações Financeiras) sobre transações de câmbio, seguros e crédito para empresas. A medida tinha o objetivo de promover um aumento de arrecadação para atingir a meta orçamentária de 2025, que prevê deficit zero no ano.

Dois dias após a derrota no Congresso, o ministro da Fazenda comentou sobre o objetivo do governo em aumentar a tributação dos mais ricos e voltou a fazer a comparação com a “cobertura do condomínio” de um prédio, que seria o país.

“Quando você fala: 'Não, vamos corrigir essas contas, nós vamos chamar o pessoal da cobertura para pagar o condomínio'. Aí é um espanto. Aí não é possível. E sabe o que acontece, curiosamente? O ajuste fiscal fica em segundo plano. Ele não é mais interessante. Ninguém mais fala no assunto. Para quê? Se sou eu que vou ter que pagar, para que falar sobre esse assunto?”, ironizou.

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Haddad ainda respondeu sobre o questionamento se a esquerda e o campo progressista no país seriam contrários ao ajuste fiscal. Segundo ele, este termo seria o equivalente à “supressão de direitos no Brasil”. “Nós não podemos continuar ostentando orgulhosamente o título de que nós estamos no pelotão da frente na economia mundial, quando tem tanta gente sendo deixada para trás dentro do nosso país”, completou o ministro.

postado em 27/06/2025 14:22 / atualizado em 27/06/2025 14:23
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