COMÉRCIO EXTERIOR

Mercosul fecha acordo com Efta durante reunião na Argentina

Segundo o Itamaraty, cerca de 99% do valor de produtos brasileiros exportados para os quatro países da Efta ficarão livres de impostos. Impacto estimado para o PIB é de R$ 2,69 bilhões

O acordo é considerado complementar ao firmado entre Mercosul e União Europeia (UE) -  (crédito: Reprodução do portaldaindustria)
O acordo é considerado complementar ao firmado entre Mercosul e União Europeia (UE) - (crédito: Reprodução do portaldaindustria)

O Mercosul e a Associação Europeia de Livre Comércio (Efta, na sigla em inglês), fecharam nesta quarta-feira (2/7) um acordo comercial que está em negociação desde 2017. O tratado foi firmado durante a Cúpula do bloco sul-americano, que acontece em Buenos Aires, Argentina, até esta quinta-feira (3).

O acordo é considerado complementar ao firmado entre Mercosul e União Europeia (UE), e expande o acesso dos produtos brasileiros e sul-americanos ao continente europeu. Os dois tratados ainda precisam ser ratificados antes de entrar em vigor.

A Efta é formada por quatro países europeus: Noruega, Suíça, Islândia e Liechtenstein. São membros plenos do Mercosul: Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia.

O acordo inclui a isenção e redução de impostos para os produtos comercializados entre os países membros de ambos os blocos, a modernização de regras sanitárias, reforço no fluxo de investimentos, regras para compras governamentais e um marco normativo para proteger propriedades intelectuais.

Segundo o Ministério das Relações Exteriores (MRE), os blocos trabalham para ratificar o acordo ainda em 2025.

“Diante do contexto internacional de crescente protecionismo e unilateralismo comercial, o Acordo Mercosul-Efta é uma sinalização em favor do comércio internacional como fator para o crescimento econômico”, disse o Itamaraty em nota.

No caso do Brasil, 99% do valor de produtos exportados para a Efta ficarão livres de impostos. Em contrapartida, o país vai isentar de impostos 97% do valor importado dos países europeus. 

O Itamaraty também estima uma série de benefícios para a economia brasileira, incluindo um incremento de R$ 2,69 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB); R$ 660 milhões em investimentos; redução de preços aos consumidores; e aumento nos salários reais.

Em nota, a Embaixada da Suíça no Brasil também celebrou o acordo, e afirmou que a decisão permite manter a concorrência com os produtos da União Europeia no mercado sul-americano. 

“Principalmente em tempos difíceis para a política comercial global, os acordos de livre comércio são um instrumento importante que permite à indústria exportadora suíça conquistar novos mercados e, assim, diversificar-se”, disse a embaixada. 

Primeiro passo para fechar Mercosul-UE

Além das vantagens comparativas na exportação e importação de produtos entre os blocos, a oficialização da um tratado de livre comércio entre entre o Mercosul e o Efta pode ser configurado como um “passo importante” para que o grupo de países da América do Sul conclua o acordo com a União Europeia.

“O acordo (com o Efta) é muito parecido com o que vai ser assinado com a União Europeia. A oficialização deste tratado é uma uma indicação positiva de um acordo envolvendo Mercosul e a UE. Então, é um passo importante até para conseguir avançar com acordo com a União Europeia”, afirmou Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

Embora o bloco de países nórdicos tenha “menor relevância” na balança comercial em comparação com nações da UE, Welber Barral, que também é sócio-fundador da BMJ consultoria, projeta mais investimentos no Brasil.

“O Efta é um conjunto menos relevante de países. Você está falando basicamente da Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein. Esses países, como Noruega e Suíça que já investem no Brasil e podem aumentar o investimentos também na região do Mercosul”, comentou o especialista.

postado em 02/07/2025 15:07
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