TARIFAÇO DE TRUMP

Lideres empresariais sinalizam apoio a Alckmin nas negociações com os EUA

Após reunião com representantes de empresas exportadoras brasileiras e norte-americanas, Lide prepara comunicado para encaminhar ao vice-presidente Geraldo Alckmin, que tem realizado reuniões com representantes do setor produtivo e do Legislativo na busca de uma forma de reverter sobretaxa dos EUA

Lideranças do Lide e representantes do setor produtivo reagiram ao tarifaço anunciado pelos EUA e propuseram uma ofensiva diplomática -  (crédito:  Rodrigo Senigalia/ LIDE)
Lideranças do Lide e representantes do setor produtivo reagiram ao tarifaço anunciado pelos EUA e propuseram uma ofensiva diplomática - (crédito: Rodrigo Senigalia/ LIDE)

Após reunião com mais de 30 representantes de empresas brasileiras e norte-americanas , nesta sexta-feira (18/7), em São Paulo, o Grupo de Líderes Empresariais (Lide) demonstrou apoio ao vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), Geraldo Alckmin, nas negociações com autoridades dos Estados Unidos, a fim de reverter o tarifaço de 50% sobre os produtos brasileiros que deve começar a vigorar a partir de 1º de agosto.

O grupo preparou um comunicado para encaminhar ao vice com propostas e sinalizou interesse de representantes para acompanhar o vice nas negociações nos EUA, se elas ocorrerem. “Essa é uma agenda positiva e vamos oferecer ao vice-presidente Alckmin o nosso apoio incondicional de levar essas sugestões à mesa de negociação, inclusive, até com pessoas executivos dispostos a acompanhar a delegação brasileira, quando e se ela for negociar (nos Estados Unidos), para que essas negociações tenham êxito", afirmou o economista Roberto Giannetti, head do Lide Comércio Exterior, do ex-governador de São Paulo João Doria, em entrevista ao Correio. Segundo ele, o lado empresarial norte-americano também está ativo na busca de uma solução para a questão tarifária. 

Alckmin tem liderado as negociações com empresários de vários setores e com o Legislativo para buscar uma forma de retirar a sobretaxa anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em carta na qual defendeu o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas (Republicano), que comemorou a vitória de Trump nas eleições em 2024, fez uma reunião paralela com empresários e representantes da Embaixada dos EUA, em São Paulo, também buscando fazer negociação em meio à deterioração da imagem por ser bolsonarista e muitas empresas paulistas estarem sendo prejudicadas pela medida de conotação política de Trump.

O consenso entre os participantes da reunião do Lide, segundo Giannetti, foi de que o tarifaço traz prejuízos para as duas economias. “Não há nenhuma argumentação econômica ou jurídica para que esse tarifaço prevaleça. Temos que arrumar uma maneira para uma saída benéfica para os dois lados”, destacou. 

“Evidentemente que avaliação é de que o tarifaço traz prejuízos significativos para as duas economias, aos empresários e às. Não há nenhuma argumentação, nenhuma sustentação econômica ou jurídica para que esse tarifaço prevaleça. Nós temos que achar uma maneira de criar uma uma negociação uma saída desse desse impasse”, acrescentou. 

Giannetti também destacou que os participantes da reunião defenderam que, em vez de retaliação, que é uma alternativa que tem sido ventilada, até pela própria lei de reciprocidade que foi recentemente sancionada.

“A nossa alternativa seria buscar formar uma agenda positiva. Esse é o grande resultado dessa reunião. Agenda positiva que seria trazer à mesa com que pudessem criar um melhor ambiente de negócios, de comércio, de investimentos e promover uma facilitação do comércio e dos investimentos entre os dois países”, afirmou. Ele citou como exemplos a redução de barreiras tarifárias e não tarifárias, “que sejam aceitas e adequadas de ambos os lados”, a conclusão do acordo de não tributação entre os dois países entre as empresas dos dois países.

Mais de 30 pessoas empresários, representantes executivos de grandes empresas exportadoras do Brasil, de grandes multinacionais norte-americanas, e alguns representantes de associações de classe, de instituições. “Foi um debate aberto, buscando apresentar alternativas de solução para a negociação que se aproxima do tarifaço entre Brasil e Estados Unidos”, disse. 

Na avaliação de Giannetti, a politização do caso e as decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) são “inegociáveis” nas conversas entre os dois países. “A questão política transcende a nossa a nossa atuação empresarial. Não vamos entrar no debate político e nem questionamos isso na reunião porque esse é um assunto que nós gostaríamos até que fosse abandonado, porque essa essa discussão política não é pertinente ao tema tarifário. Acho que deveria ser relevado a segunda instância, porque ela não resolve, ela é, de certa ponta, até é inegociável, porque é uma questão muito mais pessoal Então, tudo isso relacionado à questão do STF, do Brics, precisa ser colocado à margem. Não é possível. Nós não vamos negociar isso”, afirmou. 

O economista elogiou a manifestação recente das câmaras de comércio do Brasil e dos Estados Unidos, demonstrando preocupação com os empresários brasileiros que investem no Brasil. “Nós aplaudimos a iniciativa da US Chamber, assim como também esperamos que o congresso norte-americano, que tem lá a frente parlamentar brasileira, que ele chama de interesse do povo americano e do povo brasileiro é que não ocorra o tarifaço, porque traz prejuízo aos consumidores, aos empregos e as empresas. Então, é interesse de quem? É interesse de quem o tarifaço? Não há, não há do ponto de vista racional, não há ninguém que se interesse pelo tarifaço, porque ele é um um. 

Participaram do encontro, por exemplo, o ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles; o economista-chefe da XP Investimentos, Caio Megale; o ex-ministro do Mdic e conselheiro da BRF, Luiz Fernando Furlan; a chefe de Políticas Públicas da AWS, Nayana Rizzo;  e o diretor do Mc Donald's no Brasil, Fernando de Paula, segundo informações da Agência Estado.

Veja a íntegra da súmula da reunião:

O Lide, Grupo de Líderes Empresariais, manifesta sua posição favorável à abertura de uma ampla negociação entre o governo brasileiro e o governo americano, pautada por uma agenda positiva e estratégica, que permita avanços concretos em concessões bilaterais, visando restaurar e ampliar o ambiente favorável aos negócios e aos investimentos entre Brasil e Estados Unidos.

Diante do contexto desafiador imposto pelas recentes medidas protecionistas e o aumento de tarifas anunciados pelo presidente Donald Trump, torna-se essencial reforçar o diálogo construtivo e pragmático entre os dois países. Acreditamos que a construção de soluções negociadas, com base no interesse mútuo, seja o melhor caminho para superar tensões comerciais e criar novas oportunidades econômicas.

Neste sentido, propomos a avaliação de possíveis reduções tarifárias e não tarifárias, a rápida conclusão de acordos bilaterais em matéria tributária, especialmente relacionados à Regra 301, além do incentivo à integração produtiva setorial e ao fortalecimento das cadeias de valor compartilhadas pelos dois países.

Para a concretização eficaz dessas negociações, sugerimos que o processo seja conduzido sob a liderança direta do Vice-Presidente Geraldo Alckmin, acompanhado por um grupo qualificado de executivos e representantes do setor privado brasileiro, reconhecidos por sua experiência internacional e ampla representatividade setorial.

Além das reuniões institucionais com representantes do Executivo americano, recomendamos que sejam realizadas reuniões adicionais com entidades estratégicas, como a US Chamber of Commerce e o Brazilian Caucus no Congresso americano, fortalecendo assim os canais institucionais e parlamentares necessários para a consolidação de uma agenda positiva duradoura.

Estamos convictos de que a cooperação econômica, o diálogo aberto e as relações bilaterais fortalecidas trarão benefícios concretos tanto para empresas brasileiras quanto americanas, resultando em maior competitividade, geração de empregos e crescimento sustentável em ambos os países.

Assinam a súmula: Luiz Fernando Furlan, João Doria, Henrique Meirelles, Roberto Giannetti, e Caio Megale.

 

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postado em 18/07/2025 15:53
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