GUERRA COMERCIAL

Lula quer mapa detalhado de minerais críticos do país

A poucos dias de a sobretaxa dos EUA de 50% sobre produtos brasileiros começar a vigorar, presidente Lula diz que pediu amplo mapeamento dos metais raros existentes no solo brasileiro, que são de forte interesse norte-americano

Lula defende que o Brasil não pode deixar os estrangeiros pegarem os minerais estratégicos presentes no subsolo do território nacional -  (crédito: Ricardo Stuckert/PR )
Lula defende que o Brasil não pode deixar os estrangeiros pegarem os minerais estratégicos presentes no subsolo do território nacional - (crédito: Ricardo Stuckert/PR )

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a falar em soberania, agora, na área de minerais críticos, que são cobiçados pelos Estados Unidos, e anunciou que quer um amplo mapeamento do subsolo. A poucos dias da entrada em vigor da sobretaxa de 50% dos EUA sobre os produtos brasileiros, o petista defendeu que as riquezas do subsolo brasileiro não serão entregues a interesses estrangeiros.

O discurso foi feito, ontem, na inauguração da Usina Termelétrica GNA II, no Porto do Açu, em São João da Barra (RJ). Na fala, Lula criticou o crescente interesse dos EUA nesses recursos estratégicos e reforçou que a exploração deve servir à população brasileira.

"Eu fiquei sabendo que os Estados Unidos vão ajudar a Ucrânia [na guerra contra a Rússia], mas estão querendo ter privilégio nos minerais críticos da Ucrânia. Esses dias eu li que os Estados Unidos têm interesse nos minerais críticos do Brasil. Ora, se eu nem conheço esse minério, e ele já é crítico, eu vou pegar ele para mim. Por que que eu vou deixar para outro pegar?", questionou.

Minerais como níquel, lítio, cobre e bauxita são considerados críticos para a transição energética global, pois são insumos fundamentais para baterias, painéis solares, turbinas e cabos de transmissão. Segundo especialistas, eles são cruciais na corrida da transição energética e a busca por esses elementos vem gerando disputas geopolíticas que podem acelerar impactos ambientais em países como o Brasil.

O chefe do Executivo anunciou a criação de uma "comissão ultraespecial" para fazer um mapeamento detalhado das riquezas minerais do país, destacando que 70% do território brasileiro ainda não foi devidamente pesquisado. Ele reforçou que qualquer iniciativa de exploração deverá passar pelo crivo do Estado.

"Nós temos que dar autorização para a empresa pesquisar sob o nosso controle. A hora que a gente der autorização para uma empresa, e ela achar, ela não pode vender sem conversar com o governo e, muito menos, ela vai poder vender a área que tem o minério, porque aquilo é nosso", disse Lula. "O povo brasileiro tem que ter direito de usufruir da riqueza que essas coisas podem produzir."

Segundo o presidente, o aproveitamento dos minerais críticos deve estar atrelado a um projeto nacional de desenvolvimento, com investimentos em educação e tecnologia. "A qualificação do nosso povo é que vai garantir a competitividade do Brasil, produtividade na escala e competitividade na qualidade", afirmou Lula. "Não tem país do mundo que tenha se desenvolvido que, antes, não tenha feito investimento na educação." O presidente também ressaltou o papel do Estado na criação de um ambiente seguro para investidores estrangeiros. "Eu não conheço nenhum empresário ou investidor estrangeiro que vai investir num país que ele não acredite na política do país, na economia do país e nas coisas que estão acontecendo no país. Ninguém joga dinheiro fora, muito menos quem tem muito dinheiro", acrescentou.

Nova usina

Foram investidos na nova usina R$ 7 bilhões e ela tem capacidade instalada de 1,7 gigawatts (GW), capaz de abastecer até 8 milhões de residências. A obra representa cerca de 10% da geração nacional de energia a gás natural. Ao lado da GNA I, já existente, o parque energético totaliza 3 GW de potência e R$ 12 bilhões em investimentos.

O evento contou com a presença do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e com o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, que ressaltou a relevância do Porto do Açu para a economia brasileira. Segundo ele, o terminal fluminense representa 6% de toda a movimentação portuária nacional e mais de 40% das exportações de petróleo. "É o porto proporcionalmente com maior geração de empregos diretos do país", afirmou, citando mais de 7 mil trabalhadores contratados diretamente e outros 20 mil em empregos indiretos.

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Costa Filho também anunciou novos aportes no setor. "Só neste último mês, lançamos R$ 4,7 bilhões em Terminais de Uso Privado e vamos ultrapassar os R$ 10 bilhões até o fim do ano. No Porto do Açu, R$ 350 milhões já foram direcionados à expansão das atividades." Para ele, a GNA II representa um passo decisivo rumo à diversificação e sustentabilidade da matriz elétrica brasileira. Com capacidade de operar parcialmente com hidrogênio e estrutura de ponta, a usina reforça o papel do Brasil como ator central na transição para uma economia de baixo carbono. "A escolha do projeto como estratégico pelo Novo PAC sinaliza a prioridade dada pelo governo à segurança energética aliada ao desenvolvimento econômico e social. Para Lula, essa é a prova de que "o Brasil voltou a acreditar em si mesmo", afirmou.

 

 

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postado em 29/07/2025 03:04
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