
O secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, afirmou, ontem, em uma entrevista à rede norte-americana CNBC, que alguns produtos não cultivados no país, como o café, manga e abacaxi poderiam entrar nos Estados Unidos sem tarifa de importação."Se um país produz uma coisa que nós não produzimos, isso pode entrar por zero [de tarifa]. Se a gente fizer um acordo com um país que produz manga ou abacaxi, então eles podem vir sem tarifas. Café e cacau poderiam ser outros exemplos de recursos naturais [que serão isentos]", mencionou o secretário.
Embora o secretário não tenha citado nenhum país, a fala repercutiu como tom de alívio no Brasil, que exporta os produtos citados para o país.
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Lutnick reforçou que o prazo final do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para impor tarifas a uma série de parceiros comerciais não será adiado novamente. O início da aplicação das taxações está programado para esta sexta-feira (1º). Na entrevista, Lutnick esclareceu que apenas a negociação com a China deverá se estender por mais algum tempo, em um cronograma separado. Para as demais nações, o prazo para se fechar um acordo sobre aplicação das tarifas termina em três dias.
"Temos nossa própria equipe trabalhando com a China. Eles são um caso à parte", disse ele. "Mas para o resto do mundo, vamos resolver tudo até sexta-feira. E sexta-feira não está longe [Dia] 1º de agosto é a data em que definiremos todas essas tarifas, e daí em diante elas entram em vigor", observou.
Big techs
Ontem também, um representante da Secretaria de Comércio dos EUA participou de uma reunião entre o vice vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, e representantes das empresas norte-americanas Meta, Google, Amazon, Apple, Visa e Expedia. Segundo o vice-presidente, a participação do funcionário do governo norte-americano, que não teve o nome revelado, foi solicitada pelo próprio Lutnick, em uma nova conversa com Alckmin ocorrida na segunda-feira. A atuação de empresas de tecnologia dos EUA no Brasil é uma das principais reivindicações de Trump que, na carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, queixou-se do que chamou de "ataques contínuos do Brasil às atividades comerciais digitais de empresas americanas".
"Temos muito mais convergência do que divergência", avaliou Alckmin, ao final da reunião com os representantes das big techs. Foi a segunda reunião com o setor desde o anúncio da taxação de 50% contra o Brasil. Ontem, segundo o vice-presidente, as empresas apresentaram uma pauta relacionada a "ambiente de regulatório, oportunidade econômica, inovação tecnológica e segurança jurídica".
R$ 19 bi em perdas
Estudo publicado ontem pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI) aponta que o tarifaço de 50% sobre os produtos brasileiros exportados aos EUA pode provocar uma perda de R$ 19 bilhões aos estados e ao Distrito Federal. Realizado em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), além do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), a pesquisa mostra o Ceará como estado mais afetado pelo medida. No estado, conforme o documento, 44,9% das exportações foram destinadas aos EUA em 2024. Isso representa quase metade das vendas externas. Para o estado, a tarifa de 50% pode resultar em perdas de R$ 190 milhões.
O segundo estado com maiores perdas devido ao tarifaço, segundo a CNI, é o Espírito Santo. O território capixaba tem 28,6% de suas exportações destinadas ao país. No ano passado, o ES exportou US$ 3,1 bilhões em produtos para os EUA.
"Há estados em que o mercado americano é destino de quase metade das exportações. Os impactos são muito preocupantes", avaliou o presidente da CNI, Ricardo Alban, que considera o aumento das tarifas "injustificável" , com "impactos significativos para a economia nacional", prejudicando a competitividade das exportações brasileiras.
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