
O Conselho de Administração da Petrobras aprovou o retorno da estatal ao setor de distribuição de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), popularmente conhecido como gás de cozinha. A decisão marca a reentrada da empresa no segmento, cinco anos após a privatização da Liquigás;
Em fato relevante divulgado na noite de quinta-feira (7/8), a petroleira afirmou que a estratégia visa fortalecer o abastecimento e avançar na oferta de soluções de baixo carbono para o mercado, alinhando-se à transição energética global e ao Plano Estratégico da companhia.
Com isso, a estatal poderá, em tese, voltar a vender gás de cozinha diretamente ao consumidor. O comunicado acrescenta que a nova diretriz da empresa para a área de distribuição inclui a integração com outros negócios da companhia, no Brasil e no exterior, “além do compromisso de oferecer soluções de baixo carbono aos clientes”.
Para Davi Lelis, sócio e gestor da Valor Investimentos, a decisão marca uma mudança estratégica da companhia. Ele destaca, ainda, que a ação acontece em meio à crescente preocupação social com o preço do botijão e dos alimentos básicos. “Esse movimento acontece num contexto de mais sensibilidade social em relação ao preço do botijão de gás e ao preço dos alimentos da cesta básica. E a Petrobras sinaliza que pretende atuar para reduzir os custos ao consumidor e ampliar a concorrência no setor”, diz.
Embora não traga detalhes sobre projetos específicos, o comunicado formaliza a reentrada da Petrobras no segmento de distribuição. A decisão reforça a estratégia da companhia de diversificar seu portfólio e ampliar sua presença em áreas alinhadas à transição energética.
A Petrobras concluiu a venda da Liquigás em dezembro de 2020, para um consórcio formado pelas empresas Copagaz e Nacional Gás Butano, com a participação da Itaúsa. O valor da transação foi de R$ 4 bilhões, segundo as empresas envolvidas. A privatização fez parte de um programa de desinvestimentos, visando reduzir sua dívida e focar em atividades principais, como exploração e produção de petróleo em águas profundas.
Segundo Lelis, a decisão também representa uma inflexão na política de desverticalização adotada nos últimos anos. “Quando a Petrobras entra novamente na distribuição, ela rompe parcialmente com a lógica de desverticalização que foi defendida nos últimos anos nos comitês da companhia e que resultou na privatização da Liquigás.”
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O anúncio também ocorre semanas após rumores de que a estatal estuda formas de retornar ao varejo de combustíveis, possibilidade que vai desde a recompra da Vibra até a criação de novas operações no setor.
Para o mercado, o gestor aponta dois impactos principais. “Primeiro, o impacto competitivo. Empresas privadas que hoje dominam a distribuição, como Ultragás e Copagás, tendem a ver maior pressão de margem e perda de participação de mercado. E um segundo efeito, secundário, é o político — um efeito de palanque de governança. O retorno a esse segmento reforça a percepção de que a Petrobras está cada vez mais alinhada a uma estratégia de presença em toda a cadeia.”
Por fim, Lelis ressalta uma questão fundamental para os investidores. “A questão central é se essa nova frente vai gerar um retorno econômico compatível com o risco ou se será uma atuação mais orientada por uma política pública, o que pode afetar, sim, a rentabilidade”, avalia.
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