Tarifaço de Trump

Produtores de café elogiam plano do governo, mas pedem avanço em negociações com EUA

Associações de café solúvel e cafés especiais comentaram nestas quinta-feira (14/8) sobre resposta do governo à taxação de 50% imposta por Donald Trump a produtos brasileiros

Associações reforçam a necessidade de abrir canais de negociação com o governo Trump para incluir o setor na lista de produtos isentos da tarifa de 50% -  (crédito: Reprodução/Freepik)
Associações reforçam a necessidade de abrir canais de negociação com o governo Trump para incluir o setor na lista de produtos isentos da tarifa de 50% - (crédito: Reprodução/Freepik)

Entidades que representam o setor de café no Brasil comemoraram nesta quinta-feira (14/8) o anúncio do plano Brasil Soberano, publicado por medida provisória. O pacote prevê que empresas afetadas diretamente pelas tarifas implementadas pelo governo dos Estados Unidos a produtos brasileiros possam deixar de pagar tributos por um determinado período, além de ter a opção de acesso a um crédito específico voltado para elas. 

Uma das medidas incluídas no plano é o retorno do programa Reintegra, que permite que companhias que exportam seus produtos recebam de volta, de maneira integral ou parcial, os tributos pagos à União durante a produção dos bens, com o objetivo de estimular a exportação.

Na avaliação da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics), para que o Reintegra seja positivo ao setor, faz-se necessário que ele seja válido às exportações realizadas a todos os destinos, que representam 100 países ao ano.

Se for direcionado apenas aos EUA, a entidade acredita que a iniciativa praticamente não terá efeito, já que abrangeria apenas 3% de recuperação de impostos em um universo de 50% de tarifas aplicadas, o que, segundo a associação, deixaria os cafés solúveis brasileiros em desvantagem comercial em relação aos seus concorrentes.

“Por outro lado, se o Reintegra for válido a todas as exportações de café solúvel realizadas pelo Brasil, ampliaremos o horizonte para o encaminhamento do produto, que eventualmente deixe de ser embarcado aos EUA, a novos mercados, a outros países, porque nos tornaremos 3% mais competitivos, o que é relevante em um ambiente onde a concorrência comercial é extremamente agressiva”, avalia. 

A Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), por sua vez, entende que as medidas serão importantes a ‘curtíssimo prazo’ e devem dar um ‘direcionamento’ para o setor durante esse período de enfrentamento da crise. 

“As medidas anunciadas permitirão, ainda no curto prazo, que o setor dos cafés especiais do Brasil ganhe um fôlego pontual, assim como o próprio governo federal, para manter suas negociações, alinhando posicionamentos internamente e reforçando a sinergia com as entidades pares do setor privado do café nos EUA, de forma que seja alcançada uma solução definitiva e positiva nessa relação bilateral sobre o café”, destaca, em nota, a entidade. 

Diálogo

Ambas as associações, no entanto, reforçam a necessidade de abrir canais de negociação com os Estados Unidos para incluir o setor na lista de produtos isentos da tarifa de 50%, que vale desde o último dia 6 de agosto. 

“O Brasil precisa ter mais acordos, bilaterais ou por blocos, para barrar tarifas que incidem sobre seu café solúvel. O tarifaço atual apresentado pelos EUA, nosso principal mercado, que absorve cerca de 20% de nossas exportações, é significativo e gera enorme preocupação”, acrescenta a Abics.

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postado em 14/08/2025 18:04
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