
Uma pesquisa feita pelo Instituto Datafolha, publicada nesta quinta-feira (28/8), revelou que 74% dos brasileiros apoiam medidas de modernização e de profissionalização no serviço público como medidas para combater a corrupção.
Encomendado pela organização da sociedade civil Movimento Pessoas à Frente, o levantamento Opinião dos brasileiros sobre a Gestão de Pessoas e Lideranças no Setor Público ouviu 2.008 pessoas em todas as regiões do país, entre os dias 9 e 12 de junho deste ano.
"Os resultados da pesquisa mostram que a sociedade brasileira está atenta a questões estruturais do serviço público e apoia medidas de modernização que fortaleçam o estado e que garantam a efetividade dos governos para a população", explica Jessika Moreira, diretora-executiva do Movimento Pessoas à Frente.
Para a dirigente, os dados demonstram uma mudança de percepção importante na sociedade. "O que a gente percebe é que sim, a população tem entendido que é a partir do investimento em gente, que é a partir do aprimoramento das políticas que são responsáveis ali pela gestão do funcionalismo, do corpo técnico de governos, que a gente vai conseguir ter serviços e políticas públicas de qualidade", afirmou Jessika, em entrevista ao Correio.
Os dados apurados pela pesquisa, na avaliação da chefe do Pessoas à Frente, contribuem para um futuro debate acerca da Reforma Administrativa. "A pesquisa apresenta dados que ajudam a compreender a relevância do serviço e do servidor público para a população, sobretudo em um momento em que a agenda da Reforma Administrativa está em andamento", pontuou.
Um grupo de trabalho sobre a Reforma Administrativa assunto é liderado pelo deputado federal Pedro Paulo (PSD-RJ). Ainda sem programação para ser votado, a proposta deve abordar temas como o fim dos 60 dias de férias, além de demissão por processos administrativos e progressões na carreira unicamente pelo critério de tempo de serviço.
Apoio à gestão por desempenho
O Datafolha também avaliou a percepção dos brasileiros sobre a possibilidade de o serviço público ter avaliações de desempenho. Para 94% dos entrevistados, os funcionários públicos devem ter seu trabalho avaliado constantemente e ser recompensados ou responsabilizados de acordo com seus desempenhos.
A pesquisa identificou também que 92% dos brasileiros acreditam que os servidores públicos poderiam oferecer mais para a população se os órgãos públicos oferecessem melhores condições de trabalho.
"Uma gestão de desempenho que de fato aconteça no na realidade do ambiente público, onde a gente consegue aferir o desempenho dos servidores e inclusive pensar em numa estrutura de reconhecimento, de valorização e que reconheça as pessoas que de fato entregam mais à população", comentou Jéssika.
Estabilidade e lideranças
O levantamento mostrou ainda que 75% dos brasileiros consideram a estabilidade no emprego um mecanismo importante para proteger os funcionários públicos contra eventuais pressões ou perseguições políticas.
"A questão da estabilidade é um outro dado importante da pesquisa que mostra que a população brasileira reconhece a importância da estabilidade para servidores estatuados", destacou a diretora-executiva do Movimento Pessoas à Frente.
Sobre lideranças no setor público, 82% acreditam que pessoas bem-preparadas em cargos de tomada de decisão podem melhorar a qualidade de vida da população.
Além disso, 89% dos participantes defendem a criação de uma Política Nacional de Lideranças em Governos, com processos de pré-seleção baseados principalmente em formação e experiência na área de atuação (59%).
Diversidade e representatividade
A pesquisa revela apoio significativo a medidas de promoção da diversidade no setor público. 80% dos brasileiros apoiam a reserva de vagas em cargos de liderança para mulheres, pessoas negras, indígenas e quilombolas, enquanto 82% concordam com cotas em concursos públicos.
Programas de combate ao assédio no setor público são considerados importantes por 89% dos entrevistados, e 92% apoiam a promoção de redes de apoio entre mulheres que trabalham no serviço público.
A pesquisa também mostrou que 83% da população são contra o pagamento valores acima do teto constitucional no setor público, os chamados supersalários - remunerações que, através de benefícios e auxílios, superam o teto de aproximadamente R$ 46.300.
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