
A diretora de Pesquisa do Instituto Escolhas, Jaqueline Ferreira, afirmou terça-feira (02/9) que o modelo produtivo atual da soja está apontando sinais de esgotamento. A declaração foi dada no evento A soja e os desafios da transição da agricultura brasileira, realizado pelo Correio, com o apoio do Instituto Escolhas.
Segundo dados do Instituto, que comparam o processo produtivo da soja entre 1993 e 2023, a produção da semente, que aumentou de 23 milhões de toneladas para 152 milhões, acompanha o crescimento no uso de agrotóxicos (2019%) e fertilizantes ( 734%), nos anos analisados.
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Ela declarou que, além das degradações ambientais, o produtor da soja também está “sentindo no bolso” o modelo de regime de produção da planta, que de acordo com ela, está ultrapassado. “Em 1993, com um quilograma de agrotóxico era possível produzir 23 sacas de soja, em 2023, a mesma quantidade de agrotóxico produzia apenas sete sacas, o que claramente custa mais para o produtor”, disse Jaqueline.
A diretora destacou a dependência de quem produz a oleaginosa dos agrotóxicos e fertilizantes. Conforme o apresentado por ela, o produtor é obrigado a utilizar os insumos, pois a partir do momento em que os pesticidas são utilizados, a planta fica resistente ao agrotóxico e passa a demandar ainda mais.
“Essa cultura que diminui a biodiversidade local, que impacta na qualidade do solo, exige mais fertilizante, exige mais agrotóxico para lidar com pragas, com plantas daninhas, com doenças. E toda vez que a gente usa agrotóxico, essas plantas também se tornam mais resistentes e precisam usar mais ainda. Ou seja, a gente tá falando de um ciclo vicioso”, relatou ela.
“Eu acho que um primeiro passo, pra gente sair desse ciclo vicioso é admitir que esse modelo produtivo que foi tão importante, com toda a tecnologia que a gente gerou internamente, brasileira, tropical, ele foi tão importante, precisa ser repensado”, completou.
*Estagiária sob supervisão de Rafaela Gonçalves
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