
Washington DC e Brasília — Enquanto os políticos preveem um acirramento das tensões entre Brasil e Estados Unidos por causa da perspectiva de condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro, empresários norte-americanos e brasileiros reúnem-se para debater formas de cooperação bilateral, a fim de superar o tarifaço de Donald Trump aos produtos do Brasil. A ordem é voar acima das turbulências políticas entre os dois países e, nessas conversas, eles já conseguiram um canal, durante o Lide Brazil Development Fórum, na capital americana.
A Casa Branca enviará, nesta terça-feira (09), à reunião dos brasileiros no Milken institute, no segundo dia do fórum organizado pelo Lide, o diretor sênior de assuntos do hemisfério ocidental, Michael Jansen. Seu nome não constava da programação oficial, divulgada há alguns dias.
A presença de Jansen é um gesto da Casa Branca ao Instituto Milken, um dos maiores think-tanks dos Estados Unidos, cujo papel tem sido juntar empresários e quem possa investir no desenvolvimento dos negócios. Sem a presença da imprensa, a reunião de hoje contará com a participação de fundos de investimentos.
Da parte do Lide, houve todo um esforço no sentido de afastar conotações políticas da reunião. Já na abertura do fórum, ontem, o presidente do Lide, João Doria Neto, deu o recado: "Nossa agenda não é política. É 100% econômica e voltada aos negócios. Tenho que fazer esse reforço, dada a situação entre os dois países". Logo em seguida, a presidente do Lide Washington, Fernanda Baggio, ressaltou que o momento de tensão tarifária entre os dois países pode resultar em oportunidades. "Vivemos um momento desafiador na conjuntura global e também nas relações entre Brasil e Estados Unidos, mas é justamente nesses momentos que surgem as maiores oportunidades de diálogo, cooperação e de construção de pontes duradouras. Os países compartilham uma longa história de parceria estratégica, e hoje essa relação se renova com foco em inovação, sustentabilidade e investimentos em setores fundamentais como infraestrutura, energia, tecnologia e agronegócio", destacou.
O cochairman e fundador do Lide, João Doria, ex-governador de São Paulo, reforça, em todas as oportunidades, que os empresários precisam centrar seus esforços nessa tarefa de voar acima da zona de turbulência provocada pela polarização política. Doria é incisivo ao dizer que usar a reciprocidade na questão das tarifas não é o caminho e que o país deveria buscar o diálogo. "A pior alternativa que o Brasil pode adotar é estabelecer reciprocidade. Porque isso não é reciprocidade, é agressividade. Você devolve, com a mesma agressividade que recebeu, ao país que erra e que comete o equívoco de ser agressivo, porque não há nenhum fundamento técnico para a medida que foi adotada pelo governo americano", defendeu.
Antes do encontro no Milken Institute, hoje pela manhã, os empresários e gestores estaduais têm encontro marcado na sede do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). A vice-presidente do Banco, Anabel González, destacou, no seminário de ontem, o grande portfólio de investimentos que o banco tem no país e os programas que auxiliam o Brasil a captar investimento estrangeiro e conquistar novos mercados.
"Hoje, contamos com R$ 42 bilhões em financiamentos com estados e municípios brasileiros, o que representa quase 80% do nosso portfólio no país. Além disso, junto com o governo federal, estamos desenhando um programa para fortalecer as capacidades dos estados na atração de investimento estrangeiro e no apoio às empresas no comércio exterior. Este apoio se complementa com nosso trabalho em temas-chave, como a governança para a exploração sustentável de minerais críticos e a promoção de infraestrutura sustentável, chave para melhorar a competitividade do país", pontuou.
A jornalista viajou a convite do Grupo Lide
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