Infraestrutura

Na cerimônia do Linhão do Tucuruí, Lula alfineta Trump

Roraima se junta ao Sistema Integrado Nacional (SIN), com promessa de redução na conta de luz. Em seu discurso, Lula ironizou o fato de os EUA não terem um sistema integrado

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva acionou, ontem, a linha de transmissão que conecta Roraima ao Sistema Interligado Nacional (SIN) de energia elétrica, conhecida como "Linhão do Tucuruí". Roraima era o único estado sem conexão com a rede nacional. Durante a cerimônia, ao destacar que o Brasil é um dos poucos países que possuem um sistema interligado, Lula aproveitou para alfinetar os Estados Unidos, que não possuem um sistema interligado.

Ele disse esperar que a conexão de Roraima ajude a reduzir o preço da energia elétrica, pela redução do uso de energia térmica. Também citou que, no futuro, o Brasil pode ser conectado a todos os países da região, como já ocorre com Paraguai, Uruguai, Argentina e Venezuela.

"Acho que poucos países têm um sistema interligado como nós temos, e o dia que os presidentes da América do Sul tiverem consciência de um sistema como esse, a gente pode interligar todo o potencial hídrico da América do Sul fazendo com que nenhum país mais sofra com falta de energia", declarou. A cerimônia ocorreu na sede do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), em Brasília, na sala que monitora toda a rede elétrica interligada.

Ao ser informado que nem os Estados Unidos possuem uma rede totalmente conectada, Lula aproveitou para disparar contra o presidente Donald Trump, em meio à tensão entre os dois países. "Ao invés de o Trump ficar brigando com a gente, ele poderia vir conhecer o nosso sistema interligado", afirmou. Nos EUA, o sistema elétrico é dividido em três grandes redes, para a Costa Leste, Costa Oeste e para o Texas. "Presidente Trump, por favor olhe: são 175 mil km de rede de transmissão interligada. Aqui tudo é igual, e a gente ainda vai interligar com outros países da América do Sul, porque a gente pode ser o centro da famosa transição energética limpa que o mundo precisa", disse. Perto do final da cerimônia, Lula deu outra estocada. "Dá para emprestar para os Estados Unidos, vamos fazer um linhão. Dá para fazer um linhão até Nova York?", brincou o presidente.

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Investimentos

A Linha de Transmissão Manaus-Boa Vista, ou "Linhão do Tucuruí", recebeu investimento de R$ 2,6 bilhões, e tem extensão de 725 quilômetros, com capacidade de transmitir até 1 GW, quatro vezes mais do que o consumido atualmente por Roraima. Sem a conexão com o resto do país, o estado é mais vulnerável a apagões, como o que ocorreu em julho deste ano, deixando bairros de Boa Vista e cidades do interior sem luz por duas horas após uma falha na linha que conecta Roraima à Venezuela, país do qual o estado também depende da energia. O estado foi alimentado pela eletricidade venezuelana a partir de 2001, mas o suprimento foi cortado em 2019. De lá até 2025, o território foi energizado exclusivamente com termelétricas, que encarecem consideravelmente a conta de luz. Neste ano, o fornecimento da Venezuela foi retomado, mas sofre com instabilidade.

Em sua fala, Lula disse que a conexão vai beneficiar empresários e atrair investimento ao estado. "Estamos devolvendo a cidadania que Boa Vista merece. Empresários que querem fazer investimento, Roraima tem uma possibilidade extraordinária de comércio exterior com o Suriname, Guiana, Trinidad e Tobago, e com o Caribe", declarou, citando produtos alimentícios e da indústria como exemplo. 

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, citou que o ministério estima uma redução de R$ 45 milhões por mês em energia pela redução do uso do diesel em termelétricas, mas não quanto isso reduzirá para o consumidor.

 


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