Conjuntura

Galípolo fala em convergência lenta da inflação e reforça cautela

Presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, volta a afirmar que busca o centro da meta, de 3%, e ressalta que aumento de preços em 2025 ainda está disseminado na economia

 05/09/2025 Ed Alves CB/DA Press. Economia, Coletiva de Imprensa no Banco Central com Presidente Gabriel Galípolo - Novas regras do PIX.  -  (crédito:  Ed Alves CB/DA Press)
05/09/2025 Ed Alves CB/DA Press. Economia, Coletiva de Imprensa no Banco Central com Presidente Gabriel Galípolo - Novas regras do PIX. - (crédito: Ed Alves CB/DA Press)

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, voltou a demonstrar cautela na condução da política monetária devido à retomada das pressões inflacionárias, apesar da queda recente nas expectativas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano. Segundo ele, os diretores da autarquia ainda trabalham com projeções de inflação superior a 3%, o centro da meta, até 2028 pelo menos, como também acredita a maioria dos agentes do mercado financeiro, de acordo com o relatório Focus divulgado nesta segunda-feira (6/10).

Galípolo explicou que a inflação ainda está disseminada na economia. Dados citados pelo chefe da autoridade monetária mostram que, em abril de 2025, 78% dos produtos que integram o IPCA estavam acima da meta de 3% nos últimos 12 meses. Além disso, 57% de todos os itens lidavam com uma inflação acumulada superior a 6%, ou seja, o dobro da meta prevista. 

“Então, fica difícil a gente dizer que era uma inflação pontual, aquelas inflações que falam de um choque de oferta em algum tema. A dispersão que a gente tem da inflação parece bastante evidente, com o que a gente chegou em abril”, disse o presidente do BC, nesta segunda-feira (6/10), em um debate promovido pela Fundação Fernando Henrique Cardoso (FFHC).

O presidente da instituição ainda voltou a insistir que a meta definida para o ano é de 3% e é a que deve ser perseguida pelo governo federal. O limite superior da meta, de 4,5%, serve para absorver choques de preço, como destacou Galípolo.

“Vemos um cenário de redução dessa dispersão da inflação bastante concentrada, ainda, em bens, o que dialoga com o processo de reversão da desvalorização do real, mas a gente ainda enxerga uma inflação de serviços num patamar que está incompatível com o atendimento da meta”, acrescentou. 

Atualmente, com os dados do último mês de agosto, o IPCA acumulado em 12 meses recuou para 5,1%, superior, inclusive, ao teto da meta. A estimativa do mercado financeiro, segundo o boletim Focus, divulgado pelo BC nesta segunda-feira, é de uma inflação oficial na casa dos 4,8% no fim do ano. 

Galípolo ainda comentou sobre as críticas que recebe pelo atual patamar da taxa básica da economia (Selic), de 15% ao ano, e reconheceu que, tanto a taxa nominal quanto a real (descontada a inflação), estão bastante elevadas. Contudo, ele disse que acredita que esse esforço deve surtir efeito para reduzir as pressões inflacionárias em um período ainda incerto, que, na avaliação dele, "ainda deve durar um bom tempo". 

“A gente vem reiterando que enxerga esse processo de convergência lenta para a meta, e também que a gente vislumbra uma manutenção da taxa de juros em um patamar restritivo por um período bastante prolongado”, complementou Galípolo.

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postado em 06/10/2025 13:10 / atualizado em 06/10/2025 13:11
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