
Em meio ao avanço das conversas entre Brasil e Estados Unidos, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, fez uma avaliação, nesta segunda-feira (6/10), sobre a estratégia utilizada pelo governo de Donald Trump nas negociações internacionais. Para o chefe da política monetária, o republicano tem como arma o uso do comércio bilateral para garantir vantagem competitiva à maior economia do mundo.
“A estratégia parece ser confinar o debate para a questão comercial, porque ela tem muito a ganhar e pouco a perder, e quero fazer esse debate sempre de maneira bilateral, porque o bilateral é onde eu consigo ter, talvez, maior poder de negociação, porque a distância de um para um se faz maior”, comentou o presidente do BC, em debate promovido pela Fundação Fernando Henrique Cardoso (FFHC).
Desde o último dia 6 de agosto, a maioria dos produtos brasileiros que entram nos Estados Unidos são taxados com uma alíquota de 50%. Dois meses após o início das tarifas, as negociações para um possível acordo entre os dois países parecem avançar, com o presidente dos EUA, Donald Trump, sinalizando na rede Truth Social dois encontros em breve com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, “tanto no Brasil quanto nos EUA”.
Outra vantagem utilizada pelos norte-americanos nas negociações comerciais, segundo Galípolo, é o fato de o país ser altamente deficitário, o que pode ser utilizado como ponto a favor nas reuniões bilaterais. “Mas também é colocado como desvantagem o receios de pressões populares ou democráticas, porque a partir do momento que você passar a fazer algum tipo de tarifação, provavelmente essas famílias que gozaram nas últimas décadas de consumidor barato, também vai gerar um custo social e político”, pondera.
Ao avaliar o tarifaço, o chefe da política monetária também acredita que há uma intenção, por parte de Trump, de tentar reduzir o déficit de transações correntes, mas sem perder a transição do dólar enquanto moeda internacional. Após o que foi conhecido como Liberation Day, em 2 de abril deste ano, quando o presidente norte-americano impôs tarifas a mais de 190 parceiros comerciais, moedas emergentes, como o real, se valorizaram enquanto o dólar perdeu força, como destacou.
“Nas conversas que a gente tem tanto com investidores estrangeiros quanto com banqueiros centrais é de que talvez essa posição tenha perdido força e talvez o comportamento do dólar esteja respondendo muito mais a um ciclo de política monetária e uma expectativa de cortes de taxa de juros nos Estados Unidos do que a efetivamente a essa posição de head, em função dos receios institucionais”, acrescentou Galípolo.
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