
A imigração para território dos Estados Unidos tornou-se um tema delicado diante dos conflitos econômicos e políticos entre o país norte-americano e o Brasil. As operações de deportação de imigrantes ilegais, comandadas presidente Donald Trump, contribuem no receio e desentendimento do processo imigratório. Nesse contexto, surgem muitas dúvidas sobre as possibilidades de estudar ou trabalhar nos EUA.
O professor, mestre em agronegócio, empresário e especialista em internacionalização de negócios e famílias, Evandro Lepletier, é especialista no processo para obtenção do "green card", além de consultor para planejamento de holdings e a internacionalização de marcas e produtos brasileiros.
Em entrevista às jornalistas Mariana Niederauer e Rafaela Gonçalves, no Podcast do Correio, Lepletier frisa que a maior parte das pessoas que querem migrar para os Estados Unidos não sabem que podem fazer todo o processo dentro do seu próprio estado. Segundo ele, não é necessário nenhuma "fórmula mirabolante".
"O Green Card pode estar acessível a qualquer pessoa que se enquadre dentro das ofertas de vistos existentes. E são muitas: são 187 tipos diferentes de vistos", destaca.
O especialista explica que os vistos empresariais temporários não podem ser considerados green cards, embora possam ajudar a conquistá-lo. "Com uma renovação de L1, por exemplo, o peticionário pode entrar com o visto EB1C, que é um visto específico para empresários. E esse sim conduz ao green card", completa.
De acordo com o consultor, os vistos temporários, como o L1, são uma espécie de "test drive", para ver se o empresário e a família se adaptam ao novo país. "Tem pessoas que não se adaptam, embora seja minoria. A maioria realmente se adapta e não quer mais voltar", esclarece.
Mão de obra
Lepletier reconhece que o governo Trump tornou mais severa a política de imigração, mas acredita que a entrada para os Estados Unidos ficou mais organizada. "Não está como antes. Eu vou usar uma expressão: passa boi, passa boiada. Não é mais assim. Agora você tem que ter um currículo muito bem alinhado ao código de ocupação que vai ser pleiteado. As cartas de referência precisam estar conversando muito bem com a história dessa pessoa e com tudo que ela pretende fazer nos Estados Unidos", ressalta o especialista.
O professor afirma, ainda, que este momento é uma "janela de oportunidade". Com a retirada dos imigrantes não documentados, haverá maior necessidade de mão de obra. da mais qualificada até aqueles com remuneração menor. "Todo problema também tem uma oportunidade. Agora é a hora da oportunidade", acredita Lepletier.
O especialista aposta no crescimento das holdings — empresa cuja atividade principal é deter participações acionárias ou bens de outras empresas. Segundo ele, muitos empresários gostariam de levar holdings brasileiras para o Estados Unidos, mas não sabem como fazer.
Ele lembra que há protocolos diferentes para quem é residente e quem não é. "Existem limitações. Para um residente permanente fazer a sucessão do patrimônio dele, ele está coberto em um valor muito alto, sem pagar nenhum imposto. Mas para quem não é residente permanente, até US$ 60 mil, é muito pouco. Você tem que pensar muito bem qual tipo de holding você vai fazer e se realmente você tem intenção de migrar até lá, que pode ser que não seja vantajoso", pondera.
Internacionalização
Sobre a internacionalização dos produtos e marcas brasileiras, Lepletier afirma ser crucial um planejamento de negócio. Ele acredita que empresas de pequeno, médio e grande porte têm chance, em razão do tamanho do mercado norte-americano. Como exemplo bem-sucedido ele citou a patente de um açaí brasileiro, chamado Amazon Berry.
Além do açaí, outros produtos brasileiros atraentes são cosméticos, roupas fitness e biquinis (principalmente na Europa). Os setores da construção civil, imobiliário, financeiro e tecnológico também podem significar oportunidades.
O empresário alerta, entretanto, para um erro frequente: reproduzir na América do Norte um negócio criado no Brasil. "É um erro achar que a mesma receita que deu certo no Brasil vai dar certo nos Estados Unidos ou em qualquer outro lugar. Não é assim. Existe toda uma cultura por trás disso. E essa cultura precisa ser pesquisada, estudada para ver quais são os gostos, as manias daquele público que ele pretende alcançar. A segmentação tem que ser muito bem estudada", pondera.
*Estágiario sob a supervisão de Carlos Alexandre de Souza
Saiba Mais
Economia
Economia
Economia
Economia
Economia