O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o governo planeja dar a volta no “último parafuso” antes de finalizar o Orçamento de 2026. O chefe da pasta revelou que na conversa que teve com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicano-PB), disse que a previsão de R$ 7 bilhões para o corte de emendas era um número “subestimado” e que o impacto do contingenciamento deve ser maior.
“Nós temos que dar a volta nesse último parafuso, para entregar um orçamento já com o superavit positivo, um superavit primário relevante, à luz do histórico de 2015 para cá. Nós vamos ter que trabalhar muito ainda para reconstruir as contas públicas. Mas à luz do que aconteceu no passado recente, eu considero importante um resultado positivo no ano que vem”, disse o ministro, em entrevista à Globonews, nesta terça-feira (21/10).
Durante o programa, Haddad disse que o governo pretende enviar ao Congresso, ainda nesta terça, dois projetos que tratam sobre a compensação à derrubada da Medida Provisória (MP) 1.303, que caducou no Legislativo. Um deles deve tratar sobre o corte de despesas, que, segundo o ministro, pode gerar uma contenção extra de até R$ 20 bilhões na previsão orçamentária.
Sobre a evolução dos gastos discricionários nos últimos anos, que podem comprometer os gastos públicos a médio prazo, o ministro disse que há um “trabalho contínuo que não pode ser interrompido” e fez uma comparação com a gestão do presidente da Argentina, Javier Milei.
“Estava brincando outro dia com o presidente (do Senado) Davi Alcolumbre, que eu falei, ‘olha, deram uma motosserra para o Milei fazer um ajuste fiscal’. E está levando a economia argentina à breca. Nós estamos com uma chave de fenda na mão. Não estamos com uma serra elétrica. Nós estamos apertando parafusos, tirando privilégios de quem gozava de privilégios insustentáveis. E isso tem rendido resultados mais consistentes do ponto de vista econômico”, contou o ministro.
Haddad afirmou também que será necessário revisitar temas que o Congresso “não quis opinar”, como destacou o chefe da pasta. “Não tratamos de supersalário, não tratamos de aposentadoria de militares, não tratamos de fundos constitucionais, e não é que o governo não mandou. O governo mandou, mas o Congresso ou não apreciou, ou rejeitou”, destacou.
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