Comércio exterior

Brasil dribla impacto imediato das tarifas dos EUA, aponta relatório

Relatório do Icomex mostra que queda nas vendas para os EUA foi compensada por outros mercados, mas alerta que novos acordos bilaterais norte-americanos podem reduzir o espaço do Brasil no comércio global

No período de agosto a outubro, as exportações totais do Brasil aumentaram em 6,4%, enquanto para os Estados Unidos recuaram em 24,9% -  (crédito: mrcolo/Pixabay )
No período de agosto a outubro, as exportações totais do Brasil aumentaram em 6,4%, enquanto para os Estados Unidos recuaram em 24,9% - (crédito: mrcolo/Pixabay )

As tarifas sobre produtos brasileiros, impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não comprometeram as exportações totais do Brasil no curto prazo. A avaliação é do relatório do Indicador de Comércio Exterior (Icomex), divulgado nesta quarta-feira (19/11) pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

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Apesar da redução nas vendas aos norte-americanos, a pesquisa indica o aumento das remessas para outros parceiros comerciais e para terceiros mercados. Nesse período, de agosto a outubro, as exportações totais do Brasil aumentaram em 6,4%, enquanto para os Estados Unidos recuaram em 24,9%.

“Os dados continuam confirmando que o efeito do tarifaço no curto prazo não comprometeu as exportações totais do Brasil”, destaca o relatório. “Como ressaltamos antes, porém, isso não se traduz na hipótese que o mercado dos Estados Unidos não continue sendo relevante para o Brasil e o mundo.”

Balança comercial 

A balança comercial de outubro fechou com superavit de US$ 7 bilhões, US$ 2,9 bilhões a mais que no mesmo mês de 2024. As exportações cresceram 9,1%, enquanto as importações caíram 0,8%. No acumulado do ano até outubro, o saldo ficou em US$ 52,4 bilhões, uma queda de US$ 10,4 bilhões em relação ao mesmo período de 2024. 

Nesse comparativo, as exportações avançaram 1,9% e as importações aumentaram 7,1%. No primeiro semestre, as importações cresceram mais rápido que as exportações — um movimento que começou a se inverter a partir de julho, com exceção de setembro.

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Acordo

O documento também alerta que o Brasil depende do avanço do acordo com os Estados Unidos para evitar perder espaço no comércio internacional, já que Washington vem firmando novos pactos bilaterais que podem redirecionar exportações hoje destinadas ao mercado americano. “Em adição, à medida que os Estados Unidos estão avançando com novos acordos, as margens de preferências do Brasil tendem a cair em terceiros mercados”, destaca o Icomex.

O governo brasileiro apresentou uma proposta no início de novembro, e o chanceler Mauro Vieira se reuniu com sua contraparte no dia 13. No entanto, nenhuma medida concreta sobre o avanço das negociações foi anunciada.

Os Estados Unidos já firmaram acordos com Malásia, Camboja, Tailândia, Vietnã, Coreia do Sul, Japão, Suíça, União Europeia, El Salvador, Guatemala, Equador e Argentina. Os termos variam, mas todos ampliam o acesso de produtos e serviços norte-americanos a esses mercados. Em alguns casos, como no Vietnã, a abertura foi praticamente total. 

Entre as cláusulas comuns estão a não tributação de plataformas digitais, maior proteção à propriedade intelectual, regras sobre terras raras, estímulos a investimentos em território americano e compromissos de segurança econômica, que incluem evitar acordos com países considerados uma ameaça aos interesses dos EUA.

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postado em 19/11/2025 10:11 / atualizado em 19/11/2025 10:14
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