
A liquidação extrajudicial do Banco Master, decretada nesta terça-feira (18/11) pelo Banco Central, mexeu com os mercados, principalmente no caso das instituições financeiras. As ações dos principais bancos do país fecharam o dia no vermelho, o que impactou diretamente no Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa/B3), que encerrou o pregão em queda de 0,3%, aos 156.522 pontos. No mesmo dia, o dólar recuou 0,26%, cotado a R$ 5,31.
No mercado de ações, os papéis do Banco do Brasil (BBAS3) registraram uma queda acentuada de 2,76% ao final do dia. Já os do Bradesco (BBDC3) e do Itaú Unibanco (ITUB4) recuaram 1,19% e 0,5%, respectivamente. Ainda em relação às instituições financeiras, o Santander recuou 0,21% na bolsa. As ações da Vale (VALE3) também recuaram no final do pregão, com 0,31% de baixa, ao passo que as da Petrobras (PETR4) valorizaram 0,33%, após uma alta do petróleo no mercado internacional.
O principal receio dos investidores atualmente é a capacidade do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) de arcar com as garantias a serem pagas aos credores do Master. Nesta terça-feira, após o anúncio da liquidação, o fundo estimou que isso deve custar, ao todo, R$ 41 bilhões. Em setembro, o FGC registrou um patrimônio total de R$ 160 bilhões, sendo R$ 122 bilhões em caixa. Diante disso, eles ressaltaram que os valores a serem repassados aos credores já estão provisionados.
Apesar da sinalização, o receio não deixou de causar pessimismo entre os investidores, como avalia o sócio e economista-chefe da Bluemetrix Asset, Renan Silva. Ele lembra a situação vivenciada pelo sistema financeiro mundial no final da década de 2000, quando vários bancos entraram em falência após a crise do ‘subprime’ iniciada nos Estados Unidos. Entre as semelhanças apontadas por especialistas, estão justamente as fraudes nos balanços corporativos, como foi evidenciado no caso do Master.
“E a gente também não pode esquecer que há uma insegurança com relação ao elevado endividamento das famílias e, por consequência, a inadimplência que está elevadíssima no país também. Então, somando esses fatores e a dificuldade que os bancos vão encontrar de buscar funding e captações, isso gera esse temor que acaba culminando em impactos negativos principalmente na Bolsa de Valores”, analisa.
Outra questão que o especialista considera é o questionamento do mercado em relação à atuação do Banco Central no caso, como também aconteceu com outras instituições no passado, a exemplo dos que entraram em falência há cerca de 15 anos. “Então, esse assunto Banco Master já está girando há muito tempo e há pelo menos 3 anos se fala em colapso do banco. E só agora, depois de muitas captações que o banco fez a taxas elevadíssimas, na faixa de 140% de CDI, que é praticamente insustentável, o Banco Central parece que também demorou a agir”, acrescenta Silva.
Já para o analista da Ouro Preto Investimentos Bruno Komura, o caso do Master não teve tanto impacto nos ativos nesta terça-feira, visto que o FGC possui recursos suficientes para cumprir com a obrigação aos credores. “Não acredito que a conta vai ficar para os bancos, porque devem repassar isso para os clientes de alguma forma”, acredita. Ele destaca que o tema não deve provocar uma crise de confiança no sistema financeiro. “De qualquer forma, isso foi uma lição para o FGC e os ‘bancões’: de que não podem deixar pequenos bancos serem agressivos na captação, juntamente com uma contribuição baixa”, conclui.

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