
A Fitch Ratings rebaixou, ontem, as classificações do Banco de Brasília (BRB) e manteve todas as notas do banco em "observação negativa", devido "ao aumento dos riscos e das incertezas sobre a governança" da instituição controlada pelo Governo do Distrito Federal (GDF).
O Rating de Inadimplência do Emissor (IDR, na sigla em inglês) de longo prazo em moedas estrangeira e local, por exemplo, foi revisado de B- para CCC, ou seja, patamar de grau especulativo. O Rating de Viabilidade (RV) passou de B- para CCC, e o Rating Nacional de Longo Prazo de BBB(bra) para CCC(bra).
A agência norte-americana manteve a "observação negativa" em todas notas do BRB. E, ao mesmo tempo, atribuiu o Rating de Suporte do Governo (RSG) do banco para 'sem suporte". "O rebaixamento dos ratings do BRB refletem o significativo enfraquecimento da governança e dos controles internos de risco do banco após o afastamento de dois diretores, determinada pela justiça brasileira", destacou o comunicado citando as investigações sobre "as carteiras de crédito supostamente fraudulentas adquiridas do Banco Master".
- Leia também: Banco Central autoriza e Nelson de Souza já pode tomar posse no BRB
- Leia também: Fitch rebaixa rating do BRB e mantém “observação negativa"
Segundo a Fitch, o RSG "sem suporte" do BRB é "sensível a mudanças em relação à capacidade e/ou propensão de o governo prestar suporte oportuno ao banco, e isso só ocorreria se houvesse aumento significativo da importância sistêmica do banco".
Na semana passada, o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Master, após a deflagração da Operação Compliance Zero, da Polícia Federal, que culminou na prisão do dono do Master, Daniel Vorcaro. As investigações da PF revelaram um esquema fraudulento de venda de uma carteira de títulos podres do Master para o BRB estimada em mais de R$ 12 bilhões.
A Fitch afirmou ainda que "aumentaram substancialmente o risco de falha do BRB e revelaram graves deficiências nas práticas de supervisão e gestão de riscos". Segundo a agência, as investigações podem afetar significativamente o balanço, a capitalização e a franquia da entidade. "A 'observação negativa' reflete incertezas quanto à dimensão e ao impacto financeiro finais da alegada fraude. O Conselho de Administração do BRB contratou uma auditoria externa especializada para investigar as questões levantadas pelas autoridades e ajudar a determinar o alcance dos problemas", afirmou.
Habeas corpus negado
O Superior Tribunal de Justiça (STJ), negou, ontem, o pedido de habeas corpus solicitado pela defesa do empresário Augusto Ferreira Lima, ex-CEO e sócio do Banco Master e criador do CredCesta. Na semana passada, a Polícia Federal (PF) prendeu Lima e apreendeu R$ 1,6 milhão em espécie na residência dele, em Brasília, além de carros de luxo, obras de arte e relógios.
A decisão do STJ chegou a ser expedida, segundo a assessoria de comunicação no órgão, mas ainda não tinha sido publicada no sistema da Corte. Ainda era preciso aguardar a análise do mérito pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3), que avalia o mesmo pedido e contou somente com a apreciação de um desembargador.
Augusto Lima está preso desde o dia 18, no mesmo dia da prisão de Vorcaro. Baiano de 46 anos, construiu trajetória no setor financeiro desde 2018 e, um ano depois, tornou-se sócio do dono do Master.
Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular?
Foi o idealizador do CredCesta, um cartão de crédito consignado usado por servidores públicos e funcionários de empresas privadas, que se tornou um dos pilares do Banco Master. O empresário, que também tem relação com políticos da Bahia, é casado com Flávia Peres, conhecida como Flávia Arruda – ex-ministra-chefe da Secretaria de Governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e ex-deputada federal. Juntos, fundaram a ONG Terra Firme, voltada para ações sociais.
Saiba Mais

Economia
Economia
Economia
Economia
Economia