Petróleo

Petrobras celebra nova descoberta na Bacia de Campos

Enquanto a COP busca caminhos para diminuir os fósseis, estatal comemora óleo de "excelente qualidade"

Em semana decisiva para a COP30, a Petrobrás anunciou, ontem, a descoberta de petróleo no pós-sal da Bacia de Campos, no poço exploratório do bloco Sudoeste de Tartaruga Verde, litoral do Rio de Janeiro. De acordo com a empresa, o petróleo é de excelente qualidade e a perfuração do poço já foi concluída. 

As amostras do combustível fóssil serão enviadas para análises laboratoriais, que  poderão caracterizar as condições dos reservatórios e fluidos encontrados, possibilitando a continuidade da avaliação do potencial da área, obtida em setembro de 2018, na 5ª Rodada de Partilha de Produção. Os primeiros testes já confirmaram a presença do óleo. 

"A perfuração desse poço já foi concluída, tendo intervalo portador de petróleo sido constatado através de perfis elétricos, indícios de gás e amostragem de fluido", diz o comunicado da estatal. 

A região, entre o Rio de Janeiro e o Espírito Santo, já é um campo importante de petróleo no pré-sal, porém segue como local relevante para a exploração de novos poços. Os reservatórios do pós-sal são situados na camada de rochas acima do sal, contendo menores quantidades do fluido, em profundidades menores e mais simples de ser extraído. Já o pré-sal, correspondente a 80% da produção de petróleo no Brasil, fica abaixo do sal e, geralmente, possui o combustível fóssil em maior quantidade e qualidade.

 O poço 4-BRSA-1403D-RJS está localizado a 108 km da costa na cidade de Campos dos Goytacazes-RJ, em profundidade d'água de 734 metros.

O anúncio ocorreu no começo da segunda semana da COP 30, evento que discute as mudanças climáticas e estabelece metas para cada país, com o intuito de diminuir os impactos do clima. Neste ano, a COP é realizada no Brasil, em Belém, no Pará. 

Outras explorações

Em outubro deste ano, a petroleira anunciou o recebimento, por parte do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), da licença para perfurar e pesquisar em um poço exploratório na Foz do Amazonas. A decisão gerou revolta em entidades ambientalistas, que afirmam a possibilidade de riscos às comunidades próximas à região da perfuração e que dependem da pesca. Além disso, os ativistas alegam falta de estudos e informações sobre a área. 

A exploração, que deve começar de imediato e durar cerca de cinco meses, foi aprovada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Lula afirmou, em algumas ocasiões, que a perfuração será feita com cuidado e que o Brasil não deixará de usar combustíveis fósseis. 

Silveira contou que a expectativa é de que a Foz se torne um "novo pré-sal", com a possibilidade de gerar R$1 trilhão de arrecadação, que poderão retornar na saúde e educação, por exemplo. O investimento pode ser de mais de R$300 bilhões. 

"A conclusão desse processo, com a efetiva emissão da licença, é uma conquista da sociedade brasileira e revela o compromisso das instituições nacionais com o diálogo e com a viabilização de projetos que possam representar o desenvolvimento do país. Foram quase cinco anos de jornada, nos quais a Petrobras teve como interlocutores governos e órgãos ambientais municipais, estaduais e federais, disse a Petrobrás. 

"Vamos operar na Margem Equatorial com segurança, responsabilidade e qualidade técnica. Esperamos obter excelentes resultados nessa pesquisa e comprovar a existência de petróleo na porção brasileira dessa nova fronteira energética mundial", concluiu. 

Mesmo com as declarações, ONGs foram na Justiça Federal do Pará, solicitando a paralisação imediata da perfuração e a anulação da licença, entregue pelo Ibama. 

As instituições ainda não se pronunciaram sobre a nova descoberta da petroleira.

 *Estagiária sob a supervisão de Edla Lula

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