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Ex-chefe adjunto do BC critica demora na liquidação do Banco Master

Economista especialista em liquidação, Antônio Augusto Pinto Pinheiro afirma que sinais de suspeita sob o Banco Master já eram conhecidos há mais de um ano

Os sinais de deterioração do Banco Master já eram conhecidos no mercado há pelo menos um ano. Foi o que afirmou o economista Antônio Augusto Pinto Pinheiro, ex-chefe adjunto do Departamento de liquidação do Banco Central, durante entrevista, nesta quarta-feira (19/11), ao CB.Poder — parceria do Correio com a TV Brasília

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“Eu diria que na noite da última terça-feira (18) nós tivemos duas notícias, uma boa e uma ruim. A notícia boa é que o Banco Central entrou num processo de liquidação e a notícia ruim é que esse processo foi excessivamente demorado”, afirmou em bate-papo com os jornalistas Carlos Alexandre e Adriana Bernardes.

Pinheiro explicou que o comportamento do Banco Master já acendia alertas no setor financeiro. “A situação do Banco Master vem se anunciando no mercado já há bastante tempo, até mais de um ano”, disse. O especialista destacou que a instituição operava com forte alavancagem e em segmentos de maior risco. “Falava-se muito dentro do próprio mercado que era inconsistente para um banco tradicional. O risco era bem mais elevado do que o normal.”

Outro ponto destacado por ele foram as taxas acima do padrão oferecidas pelo banco. “O Banco Central teria demorado a tomar essa decisão porque sentia no mercado que o Banco Master era uma excepcionalidade pela própria remuneração que ele oferecia ao ativos. Evidentemente que um banco pequeno não paga a mesma coisa de que um grande banco, ele sempre paga um pouco mais. Mas o caso do Master era um caso que chamava muito a atenção, porque era uma taxa muito maior”, explicou o ex-chefe adjunto do BC. 

Pinheiro afirmou que “com certeza havia uma lacuna regulamentar” e citou as novas regras adotadas pelo Banco Central para limitar a alavancagem de instituições menores, como a exigência de depósito em títulos públicos quando o nível de alavancagem supera em 10 vezes o patrimônio. Outra medida prevê uma contribuição maior ao Fundo Garantidor de Créditos para bancos que ofertam CDB acima da capacidade compatível com sua estrutura financeira. 

Pinheiro também comentou que o envolvimento do BRB com o Banco Master não deverá apresentar problemas aos seus clientes, mas reconheceu, porém, que pode haver um dano na imagem da instituição, embora não veja indícios de impactos diretos aos usuários.

“O BRB se arriscou muito em termos de imagem quando divulgou essa pretensão sem antes ter ido a um nível de detalhes bem grande. Aliaram o nome BRB a uma instituição que causava preocupação dentro do mercado. O BRB também não se escorou nas exigências para fazer uma compra e anunciou essa compra. Isso foi uma imprudência”, frisou o economista.

Assista ao programa na íntegra

*Estagiário sob a supervisão de Andreia Castro

 

 

 


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