Tarifaço

Produtos isentos de tarifa superam os que estão sob alíquota de 50%, diz CNI

Isso ocorre pela primeira vez desde agosto, quando as tarifas maiores entraram em vigor

Após a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de reduzir as tarifas de 40% aplicadas a 238 produtos brasileiros importados pelo país, o volume de itens sobretaxados ficou menor do que os isentos pela primeira vez desde a entrada em vigor da alíquota mais alta, no dia 6 de agosto. O levantamento foi realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), com base nas estatísticas da Comissão de Comércio Internacional dos EUA, e publicado nesta sexta-feira (21/11).

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De acordo com a pesquisa, 37,1% das vendas brasileiras ao mercado norte-americano ficaram livres de taxas adicionais, o que representa uma pauta exportadora de US$ 15,7 bilhões. Vale destacar que apesar de não terem mais tarifas adicionais, ainda há outras taxas que incidem em cada produto e que eram aplicadas antes mesmo da posse de Trump para o segundo mandato.

Ao mesmo tempo, 32,7% das exportações ainda estão sob os efeitos de uma alíquota adicional de 50% — a mais alta desde o início do tarifaço. Entre eles, estão pescados, calçados e uva. Além disso, 62,9% da pauta exportadora brasileira para os EUA seguem sujeitas a algum tipo de tarifa adicional, considerando tanto medidas horizontais quanto as setoriais, quanto as aplicadas para aço e alumínio, por exemplo.

Na avaliação do presidente da CNI, Ricardo Alban, a medida adotada pelo governo Trump deve impulsionar a competitividade dos produtos brasileiros, além de sinalizar a disposição dos EUA para aprofundar as negociações. Isso pode incluir, por exemplo, avanços na área industrial.

“Setores muito relevantes, como máquinas e equipamentos, móveis e calçados, que tinham os EUA como principais clientes externos, ainda não entraram na lista de exceções. O aumento das isenções é um sinal muito positivo de que temos espaço para remover as barreiras para outros produtos industriais. Esse é nosso foco agora”, comenta.

O diretor de Relações Internacionais da CNI, Frederico Lamego, acredita que há dois aspectos principais que levaram o governo norte-americano a rebaixar as tarifas a esses produtos. O primeiro é a pressão inflacionária no país e o segundo é a primeira ordem executiva que cita nominalmente o processo de negociações em curso entre as duas nações. “Ou seja, isso já é um ato de boa vontade do governo norte-americano no sentido de que avancem as negociações entre Brasil e Estados Unidos o quanto antes”, destaca.

Como fica as tarifas adicionais aos produtos brasileiros:

  • Isentos de sobretaxa: 37,1% das exportações (US$ 15,7 bilhões);
  • Total de exportações sujeitas a algum tipo de tarifa: 62,9%;
  • Tarifa recíproca de 10%: 7,0% das exportações (US$ 2,9 bilhões);
  • Tarifa adicional de 40%: 3,8% das exportações (US$ 1,6 bilhão);
  • Tarifa combinada de 50% (10% de tarifa recíproca + 40% específica ao Brasil): 32,7% das exportações (US$ 13,8 bilhões);
  • Tarifa setorial de 50% (Seção 232): 11,9% das exportações (US$ 5 bilhões);
  • Isenção da tarifa de 40% condicionada à destinação para a aviação civil, instituída pela Ordem Executiva de julho: 7,5% das exportações (US$ 3,2 bilhões).

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