Em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, nesta terça-feira (25/11), o presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, defendeu a manutenção da taxa básica de juros em 15% ao ano, o nível mais alto em quase duas décadas. Segundo ele, o patamar atual é resultado direto da inflação acima da meta desde o início de seu mandato.
Galípolo rebateu críticas às decisões do Comitê de Política Monetária (Copom), que têm sido alvo de pressões internas no governo e de manifestações públicas de figuras ligadas à gestão anterior, como o ex-presidente do BC Roberto Campos Neto. “A meta não é 4,5%, é 3%”, afirmou. “Quando olho para as projeções futuras, vejo no Focus que o BC não vai conseguir cumprir a meta durante todo meu mandato.”
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O presidente do BC destacou que sua obrigação legal é atuar para que a inflação convirja para a meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). “A determinação legal é uma meta de 3%. O instrumento é a taxa de juros, e o BC tem de usar a taxa de juros para perseguir a meta de inflação”, disse.
Galípolo lembrou que o IPCA está acima do teto da meta há mais de um ano e afirmou que, desde que assumiu o comando da instituição, o objetivo não foi cumprido em nenhum mês. “Desde que assumi, em 11 meses, eu descumpri a meta em todos os meses”, relatou.
Ele também reiterou que o Banco Central não dispõe de outro mecanismo além da Selic para tentar conter a alta dos preços. “O comando legal que recebi foi: ‘você tem esse instrumento chamado taxa de juros e deve usá-lo para perseguir a meta de 3%’”, reforçou.
A elevação dos juros, iniciada em setembro do ano passado, contribuiu para a desaceleração do índice de preços acumulado em 12 meses, que caiu do pico de 5,53% em abril para 4,68% em outubro. As projeções do Boletim Focus também têm recuado e voltaram a indicar inflação dentro da faixa de tolerância do sistema de metas em 2025.
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