
O caso que envolve o Banco Master demanda a necessidade de aperfeiçoar a supervisão do Sistema Financeiro Nacional (SFN), na avaliação do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo. A declaração foi concedida ontem, durante almoço com banqueiros organizado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), em São Paulo. Sem citar nominalmente a instituição gerida por Daniel Vorcaro, que foi preso, na semana passada, pela Polícia Federal, o chefe da autoridade monetária destacou que "bancos são instituições falíveis".
"Esses problemas vão acontecer. O importante é a gente sempre aprender e conseguir inovar para que você não caia na repetição de problemas que aconteceram no passado", disse Galípolo. Ele relembrou desafios da instituição em relação à estabilidade financeira e agradeceu a colaboração de outras entidades, como a Polícia Federal e o Ministério Público, nas investigações sobre fraudes financeiras. "A obra de supervisão nunca está completa. O trabalho do BC nunca tem um ponto de chegada, é um movimento contínuo", destacou.
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Além de Galípolo, também participaram do almoço vários ministros do governo, como Simone Tebet (do Planejamento e Orçamento), Esther Dweck (da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos), e Wolney Queiroz (da Previdência).
Autonomia
Sobre a independência da política monetária, o presidente do BC sinalizou que a instituição deve resistir às pressões do Executivo para reduzir os juros, se considerar necessário, ao ser questionado se o banco sucumbiria a um possível desejo do Planalto de promover uma redução dos juros em ano eleitoral. "Ele (o BC) vai sempre perseguir o seu mandato e vai fazer o que for necessário, como a gente fez agora, ao colocar a taxa de juros em um patamar restritivo, com alguma segurança, e permanecer nesse patamar restritivo para induzir e produzir a convergência da inflação para a meta. E ainda estamos insatisfeitos, porque a gente ainda não está onde a gente gostaria de estar, então, por isso, estamos em um patamar restritivo", destacou ao comentar sobre a atual taxa básica da economia (Selic), de 15% ao ano.
Galípolo ainda comentou sobre a comunicação do BC, destacando que a instituição deve lidar com as consequências das escolhas da política monetária. O economista fez uma analogia entre a posição do BC na economia e a escolha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo seu nome em 2024. "O Banco Central é essa figura sempre com receio. É, por definição, o primeiro dos pessimistas e o último dos otimistas. Quando o presidente Lula me convidou, eu falei: 'O senhor tem consciência de que eu sou o zagueiro, eu sou a última linha de defesa. De mim, a bola não pode passar.' Esse é o papel do Banco Central. E se o BC fizer o papel dele bem feito, provavelmente, vai ser acusado pelos dois lados pelo que está fazendo."
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