
Durante participação no CB.Debate: Os avanços do Nordeste, realizado nesta quinta-feira (4/12) pelo Correio Braziliense em parceria com o Banco do Nordeste (BNB), o gerente de Comunicação do Sebrae Nacional, Antonio Alonso, defendeu políticas estruturais capazes de transformar o potencial econômico e social da região em progresso duradouro.
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O especialista iniciou sua fala resgatando o impacto do Bolsa Família no início dos anos 2000. Segundo ele, estudos conduzidos pelo economista Marcelo Neri identificaram regiões do Nordeste que chegaram a registrar crescimento de 20% ao ano — um ritmo comparado ao da China. Com apenas R$ 79 por família, formou-se um ecossistema econômico espontâneo, baseado em pequenos empréstimos, trocas e arranjos comunitários.
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“Pessoas completamente fora do capitalismo criaram um pequeno império, sem nunca terem visto um consultor do Sebrae. Construíram tecnologias sociais, reinventaram a economia local”, destacou.
O gerente alertou, porém, para a armadilha das narrativas encantadas: “O problema é romantizar isso. Existe capacidade, existe potência, mas existe também um teto — e um custo altíssimo. Não podemos esperar que pessoas vivam de sacrifícios o tempo inteiro”.
“Não existe solução individual. Quando falamos de empreendedorismo, somos bombardeados por promessas de coaches de internet, de sete passos para ficar milionário em uma semana. Isso é sedutor, mas é falso. Nosso trabalho é puxar essa narrativa para o real”, afirmou Alonso.
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Quando o “mito do self-made man” bate na realidade
Na segunda história contada pelo gerente do Sebrae, ele mencionou um youtuber que tentou — e fracassou — viver do zero nas ruas do Rio de Janeiro como experimento social. “Ele não partiu do zero: tinha estudo, tinha plano, tinha recursos guardados. Mesmo assim, ao fim de 10 meses, quebrou psicologicamente, precisou ser internado”, relatou.
Segundo Antonio Alonso, o caso expõe o absurdo de exigir dos mais pobres uma capacidade de superação sobre-humana. “O Nordeste tem a chamada inovação frugal — maximizar recursos escassos para gerar renda. Isso é admirável, mas não dá para voar longe só com isso. Chega uma hora em que o teto aparece.”

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