Juros

Ata do Copom defende manutenção da Selic em 15% por período prolongado

Documento aponta inflação pressionada pela demanda, incertezas no cenário interno e externo e reforça cautela na condução da política monetária

Em comunicado divulgado nesta terça-feira (16/12), o Comitê de Política Monetária (Copom) defendeu a manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano “por um período bastante prolongado”, avaliando que a estratégia é necessária para garantir a convergência da inflação à meta. 

Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular

Na semana passada, o colegiado manteve os juros nesse patamar e evitou indicar quando poderá iniciar um ciclo de cortes, reforçando a postura cautelosa diante do cenário inflacionário. A avaliação foi de que, com as expectativas de inflação ainda desancoradas, a política monetária precisa permanecer mais restritiva e por mais tempo do que em ciclos anteriores.

“O cenário atual, marcado por elevada incerteza, exige cautela na condução da política monetária. O Comitê avalia que a estratégia em curso, de manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado, é adequada para assegurar a convergência da inflação à meta”, diz um trecho da ata. 

O documento indica que o processo de desinflação ainda encontra dificuldades, sobretudo pela persistência da inflação de serviços, influenciada por um mercado de trabalho aquecido. Nesse contexto, a autoridade monetária avaliou que a inflação segue pressionada pela demanda, “o que exige a manutenção de uma política monetária contracionista por um período bastante prolongado”.

No cenário externo, o texto destaca que as incertezas permanecem tanto no curto quanto no longo prazo, apesar de avanços nas negociações comerciais com os Estados Unidos. “O ambiente externo ainda se mantém incerto em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos, com reflexos nas condições financeiras globais. Tal cenário exige cautela por parte de países emergentes em ambiente marcado por tensão geopolítica.”

Fiscal 

Sobre a política fiscal, o Comitê avalia que ela afeta a inflação no curto prazo, ao impulsionar a demanda, e no longo prazo, ao influenciar a percepção sobre a sustentabilidade da dívida pública. Para o colegiado, uma condução fiscal previsível, crível e anticíclica contribui para reduzir riscos e favorecer a convergência da inflação à meta.

O texto também alerta que o enfraquecimento das reformas e da disciplina fiscal pode elevar a taxa de juros neutra e tornar a desinflação mais custosa, o que reforça a necessidade de coordenação entre as políticas fiscal e monetária. “A harmonia entre essas políticas é fundamental para a eficácia do combate à inflação.”

Por fim, o Copom reitera que seguirá atento ao cenário e que os passos futuros da política monetária poderão ser repensados. “O Comitê enfatiza que seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que, como usual, não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado”, destaca o documento.

https://www.correiobraziliense.com.br/webstories/2025/04/7121170-canal-do-correio-braziliense-no-whatsapp.html

Mais Lidas