Futebol feminino

Real empata com Cruzeiro e endossa protesto contra o técnico do Santos

Ato dos times da Série A1 é direcionado a Kleiton Lima. Real também encara acusação de assédio sexual. Preparadora física da Ferroviária diz ter sido agredida verbalmente no Defelê; time candango nega

Cruzeiro e Real se juntam para protestar contra o assédio sexual no futebol feminino -  (crédito: Gustavo Martins )
Cruzeiro e Real se juntam para protestar contra o assédio sexual no futebol feminino - (crédito: Gustavo Martins )

A quinta rodada do Campeonato Brasileiro Feminino é marcada por manifestações das jogadoras contra o assédio sexual. Ontem, no empate do Real Brasília com o Cruzeiro, por 1 x 1, em Nova Lima (MG), não foi diferente. As jogadoras se uniram antes de a bola rolar com a mão na boca como sinal de protesto. O gesto representa o silenciamento das vítimas.

O movimento tem como estopim o retorno do técnico Kleiton Lima ao futebol feminino. Em setembro de 2023 ele foi desligado do Santos após 19 denúncias anônimas de jogadoras da equipe. Sete meses depois, ele retornou ao comando das Sereias da Vila. O treinador negou qualquer acusação e a diretoria do clube saiu em defesa de Kleiton. O presidente do Santos, Marcelo Teixeira, opinou sobre os protestos afirmando que o caso foi arquivado por "falta de autoria".

"O departamento do futebol feminino entendeu que o profissional era importante para darmos prioridade ao futebol feminino. Se eu tivesse uma mínima ou qualquer tipo de fato concreto e que pudesse ser provado que ocorreu algo grave, envolvendo qualquer pessoa, seja ela atleta ou funcionária, imediatamente tomaremos as medidas cabíveis. Até esse momento não temos nada", disse Marcelo Teixeira.

Em um dos relatos uma jogadora descreve que Kleiton se esfregou nos seios dela no ônibus, a caminho de uma partida, e a encarou com intenção de intimidar, segundo ela. Ainda sobre os comportamentos inapropriados do treinador, algumas jogadoras também comentaram que em alguns treinos ele aparecia sem roupa intima e com vestimentas que marcavam sua genitália.

Na época em que as cartas de denúncia foram reveladas, Andrés Rueda era presidente do clube santista e foi ele o responsável por demitir não só técnico como também o auxiliar, a preparadora física, analista de desempenho, preparador de goleiras, psicóloga, massagista e fisioterapeutas.

A jogadora da Seleção Brasileira, Kerolin, reconheceu a importância do movimento e parabenizou os clubes que abraçaram a causa. Ela também cobrou posicionamento das equipes masculinas e "Sempre que eu puder vou usar a minha voz. Eu também sou mulher, tenho que pensar com empatia, pensar em o que eu gostaria que fizessem por mim... Eu adoraria que o pessoal do masculino também começasse a se posicionar (com) a representatividade que eles têm", comentou no Mina de Passe, da ESPN.

Até o momento a quinta rodada do Brasileirão teve quatro jogos e em todos houve manifestação, foram eles. Contudo, na partida Corinthians x Santos, as Sereias da Vila foram a única equipe que se absteve de do engajamento ao movimento

Na última sexta-feira (12), o Cruzeiro publicou nas redes sociais um vídeo sobre a importância do reconhecimento, por parte das instituições esportivas, de casos de assédio sexual. O clube também criticou a impunidade de agressores.

 

Como foi a partida

O primeiro tempo começou com a bola acomodada nos pés das jogadoras do Cruzeiros. O Real Brasília estava apagado com a forte atuação ofensiva de Byanca Brasil e Fabi Sandoval. Na metade da primeira etapa, a equipe brasiliense começou a aparecer no jogo, com a equipe mineira folgando a intensidade do jogo. Mesmo assim, a dificuldade das Leoas em criar lances de ofensividade continuava.

O jogo se encaminhava para o intervalo em ritmo desanimado. Mas aos 46 minutos, o Cruzeiro resolveu dar um último gás. A goleira brasiliense, Dida, teve bastante trabalho Em uma saída de bola errada das Leoas, Rafa Andrade esticou a bola da meia lua para a pequena área para Luana Índia chutar, mas na agilidade a xará, Luaninha, chegou por trás para balançar a rede.

Logo no começo do segundo tempo veio rapidamente a reação do Real, junto ao empate. Para retrucar o gol tomado, Ju Oliveira aproveitou a falha da goleira Taty Amaro na saída de bola, dominou no peito e com um chute direto deixou tudo igual. Com a recuperação das visitantes, o jogo ficou equilibrado, com a bola marcando presença nos dois lados do campo.

A camisa 10 das Cabulosas, Byanca Brasil, estava com fome e bombardeava a defesa adversária na busca de ficar na frente no placar novamente. Mas o ataque intenso da equipe estrelada não intimidou as Leoas que mantiveram o ritmo no campo ofensivo. O Cruzeiro conseguiu manter o ritmo, diferentemente do Real, e aproveitou essa vantagem para subir a marcação

O próximo duelo do Real Brasília é no próximo sábado em casa contra o São Paulo.

Ficha técnica:

Cruzeiro 1 x 1 Real Brasília

5ª rodada do Campeonato Brasileiro Feminino

Cartões amarelos: Vitória Calhau, Fabiana Sandoval e Isabela Mello

Gols: Luaninha e Ju Oliveira


Escalação do Cruzeiro: Taty Amaro; Limpia Fretes, Camila Ambrózio (Carol Soares), Vitória Calhau (Paloma Maciel) e Ana Clara; Rafa Andrade, Luaninha (Vanessinha) e Luana Índia (Mari Pires); Byanca Brasil, Fabiola Sandoval (Fernanda Tipa) e Marília. Técnico: Jonas Urias.

Escalação do Real: Dida; Maria Dias (Isabela Mello), Nayara, Petra Cabrera e Vivi Acosta (Laíne); Luciana, Maiara Santos e Gabi Huertas (Luciene Baião); Pity, Ju Oliveira (Nene) e Keké. Técnico: Dedê Ramos.

*Estagiária sob a supervisão de Marcos Paulo Lima

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postado em 13/04/2024 18:45 / atualizado em 13/04/2024 19:27
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