COPA AMÉRICA

Copa América e Seleção desafiam Endrick a superar antecessores com a nove

Últimos sete donos da camisa não balançaram a rede mais de duas vezes no torneio continental. Seis deles não foram convocados para a Copa do Mundo subsequente

Endrick pode ser titular no primeiro amistoso antes da Copa América, no sábado, contra o México -  (crédito:  RAFAEL RIBEIRO/CBF)
Endrick pode ser titular no primeiro amistoso antes da Copa América, no sábado, contra o México - (crédito: RAFAEL RIBEIRO/CBF)

Picado pela camisa 9 da Seleção Brasileira, Endrick Felipe Moreira de Sousa é a nova cobaia do Princípio de Peter Parker: "Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades". O provérbio dito por Tio Ben ao Homem-Aranha, popularizado pelas histórias em quadrinhos escritas por Stan Lee, resume o desafio do brasiliense de 17 anos revelado pelo Palmeiras e vendido ao Real Madrid por 47,5 milhões de euros: assumir o papel de super-herói na Copa América. O primeiro teste de laboratório do atacante com o novo algarismo às costas será no amistoso de neste sábado (8/6), contra o México, às 22h, no Estádio Kyle Field, no Texas.

A missão de Endrick não é simples. O passado dos sete jogadores inscritos com a camisa 9 do Brasil nas oito edições da Copa América disputadas neste século condenou seis deles a não ir à Copa do Mundo subsequente. A contar da edição de 2001, os centroavantes Guilherme, Luis Fabiano, Vágner Love, Alexandre Pato, Diego Tardelli, Jonas e Gabriel Jesus ostentaram o número mítico. Nenhum deles fez mais do que dois gols no torneio continental. Todos decepcionaram.

Em 2001, o técnico recém-empossado Luiz Felipe Scolari apostou em Guilherme na Copa América da Colômbia. O centroavante artilheiro do Campeonato Brasileiro de 1999 com 28 gols pelo Atlético-MG sentiu o peso da amarelinha e da desorganização do time causada por um começo de trabalho. Ele fez um gol em quatro jogos. O Brasil deu adeus na fase de grupos com derrota para Honduras nas quartas.

Carlos Alberto Parreira apostou em Luis Fabiano na conquista da Copa América de 2004, no Peru. O Fabuloso balançou a rede duas vezes em seis partidas e foi ofuscado pelo camisa 7 Adriano. O Imperador marcou sete, inclusive na final contra a Argentina no último minuto, saiu do torneio maior do que entrou e virou parceiro de Ronaldo "Fenômeno" nas Eliminatórias Sul-Americanas e na Copa do Mundo de 2006.

Dunga delegou o poder de usar a camisa 9 a Vágner Love na Copa América de 2007, na Venezuela. O Artilheiro do Amor foi às redes apenas uma vez na conquista do título. Foi engolido pelo goleador máximo Robinho, autor de seis naquela edição. Love ficou fora da lista para o Mundial de 2010, na África do Sul.

Alexandre Pato era a sensação do Brasil na Copa América de 2011, na Argentina. Mano Menezes entregou-lhe a camisa 9. Aos 22 anos, tinha como um dos parceiros de ataque outra promessa: Neymar. Pato fez dois gols em quatro jogos, participou do fiasco na eliminação nos pênaltis contra o Paraguai e jamais disputou a Copa do Mundo.

Quatro anos depois, Dunga elegeu Diego Tardelli para vestir a 9 no início do laboratório para a Copa do Mundo de 2018. O atacante vinha de uma sequência de títulos e regularidade com a camisa do Atlético-MG e defendia o Shandong Luneng à época. O escolhido passou a Copa América inteirinha sem balançar a rede em quatro exibições. No ano seguinte, foi a vez de Jonas frustrar Dunga na disputa na edição centenária nos Estados Unidos.

Veio a era Tite e com ela Gabriel Jesus. O xodó do técnico fez dois gols em seis jogos na campanha do título de 2019, no Brasil. O atacante quebrou o tabu em 2021. Mesmo sem ter marcado gol no vice em casa após a derrota para a Argentina na final, ele constou na lista final dos 26 convocados para a Copa do Mundo de 2022 no Catar. É a exceção entre os sete usuários da camisa 9 nas oito edições de Copa América realizadas neste século.

Candidato a super-herói da vez, Endrick coleciona dois gols em quatro apresentações com a camisa da Seleção principal. Não marcou contra Colômbia e Argentina nas Eliminatórias, mas compensou ao sair do banco e decidir a vitória contra a Inglaterra, em Wembley, e o empate com a Espanha, no Santiago Bernabéu, em Madri, por 3 x 3.

A 43 dias de completar 18 anos, em 21 de julho, Endrick tem como desafio na Copa América marcar mais de dois gols no torneio. Os sete antecessores não foram capazes. "Estou muito feliz. A Copa América será o meu primeiro campeonato oficial pela Seleção Brasileira. Vamos treinar bastante para tentar conquistar o título. Sabemos que tem bastante seleções de alto escalão e será um campeonato muito difícil, mas não vai faltar garra e dedicação para poder conquistar esse título", prometeu o caçula do plantel liderado por Dorival Júnior em entrevista à CBF TV, em Orlando.

Ontem, o técnico verde-amarelo comandou o último treino na Flórida antes do embarque para o Texas. Uma das formações teve o futuro trio do Real Madrid no ataque: Vinicius Junior, Endrick e Rodrygo. Não há certeza se todos eles serão titulares depois da contratação de Mbappé pelo Real Madrid, mas Dorival Júnior acena com a possibilidade de testá-los juntos nos amistosos contra México e Estados Unidos. O provável time: Alisson; Danilo, Éder Militão, Marquinhos e Wendell; João Gomes, Bruno Guimarães e Lucas Paquetá; Rodrygo, Vini Júnior e Endrick.

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postado em 07/06/2024 00:01 / atualizado em 07/06/2024 17:10
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