
"Um empurrão do universo". Assim a advogada Taynara Paranhos define a escolha pelo desafio de encarar a Maratona Brasília. Honrando o legado da família, a amante da corrida escolheu o evento esportivo apoiado pelo Correio como forma de comemorar o aniversário e se presentear com a primeira prova de 42km na vida.
A relação de Taynara com a corrida começou há sete anos, após um convite inusitado da irmã para participar da Corrida de Reis, em 2018. Para conhecer o mundo dos corredores, ela aceitou a proposta e foi com a irmã, Thaíza Mendes, e o pai, Teodorico Mendes, na pipoca da prova (corredores sem inscrições) e nunca mais abandonaram o atletismo. A paixão passou para os dois filhos dela. Mesmo tão novos, ambos foram contagiados pelo exemplo da mãe e participam de corridas infantis.
Em 2024, um dia após chegar de uma viagem aos Estados Unidos, a advogada decidiu participar dos 10km da Maratona Brasília, na manhã seguinte. A decisão partiu da vontade de assistir aos corredores dos 42km. Ela sempre admirou a energia e a entrega de quem escolhe encarar tamanha distância.
Quando finalizou o percurso, Taynara teve uma surpresa ao receber a medalha dos 42km. "Brinquei com a minha irmã: 'Deus manda sinais!' Algum tempo antes, eu já vinha comentando sobre a vontade de correr uma maratona, especialmente depois de ter acompanhado o meu pai na dele", contou.
Receber a medalha errada tornou-se um símbolo para Taynara do que devia ser feito. "Foi como um empurrão do universo, um despertar ainda mais forte dessa vontade", afirmou.
Com o anúncio da Maratona Brasília 2025, ela considerou ser o momento certo de vivenciar a experiência que incentivou os companheiros de modalidade. Para quem acredita em sinais divinos, a maratona caiu no momento perfeito: três dias depois da data do nascimento da atleta. "Meu aniversário é em 18 de abril, e a prova será no dia 21, aniversário de Brasília. Pensei: 'É essa. Vai ser o meu presente'.", exclamou.
Para Taynara, a preparação para percorrer o longo trajeto é desafiadora e prazerosa. "Tenho descoberto que a maratona vai muito além de um desafio físico. Ela é uma preparação mental, emocional e tenho me descoberto todos os dias. Descobri que não corro só com as pernas. Corro com tudo que te move. Corro com amor. E isso ninguém tira de mim", afirmou a atleta.
Em contagem regressiva, a ansiedade para a prova cresce. Ao lado de Taynara, a irmã Thaíza a acompanhará de bicicleta durante todo o percurso. Ela vê na parceira o suporte físico e emocional que a ajuda a perseverar. Thaíza esteve com a irmã em todos os treinamentos e, no grande dia, não será diferente. "É aquela coisa: sozinha eu posso ir mais rápido, mas com alguém sempre vamos mais longe", compartilhou a candanga.
Para Taynara, a maior dificuldade do esporte é a sabedoria de cuidar da cabeça. Ela conta com o auxílio de uma psicóloga para ajudá-la a zelar da saúde mental. A advogada analisa a importância de respeitar o processo da corrida e enfatiza que os momentos mais difíceis dimensionam a preciosidade do desafio. "O mais difícil de correr, para mim, não é o corpo, é a cabeça. É lidar com as dúvidas, com os dias em que a motivação não vem, com a autossabotagem que, às vezes, aparece. É seguir firme, mesmo quando ninguém está vendo, mesmo quando o cansaço bate ou a rotina aperta", explicou.
"Também é difícil respeitar o tempo das coisas. A gente quer evolução rápida, quer sentir que está rendendo, mas corrida é processo. É aprender a ouvir o corpo, a ajustar a rota, a descansar quando precisa. E isso exige humildade. Mas, no fim, é justamente nesses momentos mais difíceis que a corrida se torna mais valiosa. Porque é ali que a gente cresce por dentro, de verdade", reflete.
*Estagiária sob a supervisão de Marcos Paulo Lima
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