
New Jersey (EUA) — Em entrevista ao Correio, o técnico brasileiro Rogério Micale, que comandou a seleção olímpica do Egito por três anos, fala sobre o que o torcedor do Palmeiras deve esperar do Al Ahly, próximo adversário da equipe alviverde na Copa do Mundo de Clubes da Fifa, nesta quinta-feira (19/6), às 13h. Além disso, Micale falou sobre o Mundial e sobre as comparações entre times brasileiros e europeus que têm animado as discussões sobre o torneio.
Micale tem conhecimento de causa. Mentor do título olímpico da Seleção Brasileira nos Jogos do Rio-2016, o baiano de 56 anos orquestrou a seleção egípcia à campanha semifinalista na Olimpíada de Paris-2024 e acompanhou de perto o desenvolvimento de peças do clube mais vitorioso da África.
Você trabalhou três anos no Egito. Por que o Palmeiras deve tomar cuidado com o Al-Ahly?
O Al-Ahly tem muitos jogadores de qualidade. Um conjunto muito bom, mas houve algumas contratações nesta janela. Contrataram o Zizo, que era o principal jogador do Zamalek. Inclusive, foi uma confusão e uma comoção por causa disso. O Zizo era referência do maior rival. Contrataram o Trézéguet. É uma equipe muito forte, apesar de ter trocado o treinador. O antigo técnico (Marcelo Koller) vinha de muitas conquistas e passou por uma oscilação. O Palmeiras tem que ficar muito atento neste momento com as individualidades do Al-Ahly. Eles estão buscando uma nova forma de jogar, mas é um time com jogadores de velocidade na frente, inteligente no meio de campo, sabe jogar futebol, tem interpretação de tempo e espaço. É encardido.
O Palmeiras teve dificuldade para estudar o Al-Ahly?
Eles vão ter amostra apenas do primeiro jogo (contra o Inter Miami). Os anteriores são todos com outro treinador (Marcelo Koller), em outras competições. Um interino (Emad El-Nahhas) comandou o time nas últimas rodadas do Campeonato Egípcio. São ideias novas do novo treinador (José Riveiro, espanhol) e adaptações dentro da própria competição.
- Leia também: Brasil reconquista respeito do futebol internacional
- Leia também: Derrotas do PSG na temporada consagraram goleiros
Você trabalhou com quais jogadores?
Comandei o lateral-esquerdo Koka. Não conquistamos medalha em Paris-2024, porque o Al-Ahly não liberou os jogadores. Eles são a base da seleção. Trabalhei com outros, mas uns são reservas e outros deixaram o Al-Ahly.
O que está achando da Copa?
Talvez este modelo não se repita nesta época do ano. Os europeus vão cobrar o momento da competição. Eles estão em período de férias. Não me surpreende o bom início dos brasileiros. O que aconteceu com a gente no fim do ano está ocorrendo com eles agora. Vão cobrar da Uefa e da Fifa. É impossível para eles jogar nessa época. Nós íamos com mais de 80 jogos no lombo enfrentar os europeus no Mundial.
É tão difícil assim ganhar dos europeus?
Eu considero impossível jogar contra seis times da Europa, entre eles, Real Madrid, Manchester City, Barcelona... Times com o nível do Borussia Dortmund, por mais que tenha disputado a final da Champions League em 2024, acho que é possível bater de frente. O torcedor brasileiro foi induzido a achar que nós somos muito inferiores aos europeus, mas a amostra que nós temos de confrontos é muito pequena. Há os extraclasse, e aí, estamos falando de muito dinheiro. O que eu vejo é muito complexo, a gente se diminui demais. Trabalhei na Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Egito. Eles não se depreciam
Qual brasileiro chegará mais longe?
Gostei muito do Fluminense, mas eu considero o Palmeiras muito consistente.