Futebol feminino

Conheça Micaelly Galvão, brasiliense convocada para a Seleção Sub?15 feminina

Cria do Minas Brasília, zagueira Micaelly Galvão, de 13 anos, é convocada pela primeira vez para a Seleção Brasileira Sub-15. Conheça a trajetória da zagueira, escolhida para período de treinos em Bragança Paulista

Micaelly Galvão, zagueira do Minas Brasília convocada para a Seleção Brasileira Sub-15 -  (crédito: Eduardo Ronque/Minas Brasília)
Micaelly Galvão, zagueira do Minas Brasília convocada para a Seleção Brasileira Sub-15 - (crédito: Eduardo Ronque/Minas Brasília)

A vida é forjada por sonhos e, ontem, uma promessa do futebol feminino do Distrito Federal alcançou um digno de muita comemoração. Joia das categorias de base do Minas Brasília, a zagueira Micaelly Galvão, de 13 anos, foi convocada pela primeira vez para a Seleção Brasileira Sub-15. Com história semelhante a de tantas meninas com o sonho de profissionalização, a brasiliense estará no elenco do técnico Rubens Franco para o período de treinamentos para a Conmebol Liga Evolução, entre 24 de setembro e 5 de outubro, no Paraguai. A concentração será entre 19 e 27 de julho, em Bragança Paulista. O momento de alegria reservou à menina um dia bastante especial.

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A paixão pela bola no pé corre no sangue de Micaelly e tem influência familiar. De tanto observar o pai Marlon jogar com os irmãos Félix e Luiz Gustavo, a menina tomou gosto pelo esporte e também entrava nas brincadeiras. O talento rapidamente evidenciou jeito para transformar o futebol em algo sério. Com 10 anos, a atleta se aventurou nas quadras de futsal. Foi a primeira menina a vestir a camisa do Jaguar Sport Clube e representar a equipe em competições. A jogadora se tornou capitã do time misto sub-11 da agremiação sediada na Asa Norte.

A transição para o gramado aconteceu quase de maneira natural. Professor do Jaguar, Erlley Leão alertou os pais de Micaelly sobre o Núcleo de Formação do Minas Brasília, clube tocado pelas irmãs Nayeri e Nayara Albuquerque. Os genitores gostaram da ideia e inscreveram a menina no centro de Santa Maria. A partir daquele momento, a zagueiro passou a defender a equipe candanga, uma das poucas tocadas por mulheres no Distrito Federal. Zagueira e camisa quatro do time, a jogadora teve experiências em torneios importantes, como a Liga de Desenvolvimento da Confederação Brasileira de Futebol e a Copa Nike.

Tudo serviu para lapidar o talento até a oportunidade na Seleção Brasileira Sub-15. Mesmo com 13 anos, a jogadora deve, inclusive, disputar o Campeonato Candango Sub-17 pelo Minas Brasília. "Isso, para mim, é um grande avanço. Daqui para frente, só virão coisas boas, e eu estou muito feliz", comemorou Micaelly. A realização do sonho, no entanto, também exigiu dedicação, garra e determinação no dia a dia. Moradora do Jardim Ingá, a atleta encara longas locomoções para participar de alguns treinos no Minas Brasília em Ceilândia.

A distância, porém, não é empecilho. "Mesmo assim, estou indo e todos os dias estarei lá para treinar e evoluir", pontou. A atleta reveza os jeitos de ir aos treinamentos. Ônibus, aplicativos de corrida, o auxílio do pai e até caronas da professora Thaynara Dinis estão entre os meios encontrados para vencer a quilometragem. Tudo vale a pena, pois, para a garota, o Minas Brasília é uma segunda família. Além das atividades do time, Micaelly concilia os treinos com os estudos. Durante a semana, organiza a rotina para treinar em horários opostos ao das aulas, além de reservar tempo para se divertir.

O futmesa com o pai e os irmão é uma das atividades preferidas. "Eu sempre ganho deles", brincou. A relação familiar virou outro pilar importante para a zagueira pavimentar o caminha em direção à Seleção Brasileira. Quando perguntada sobre inspirações, Micaelly não titubeia em citar os familiares. A admiração prospera nos âmbitos profissional e pessoal. "As pessoas que eu mais me inspiro na minha vida são a minha mãe e o meu pai, meus irmãos, também. Em tudo", externou.

Dia especial

A quinta-feira da convocação começou de maneira especial antes mesmo de Micaelly Galvão saber do chamado para a Seleção Brasileira. No início do dia, recebeu uma mensagem de Marlon sobre a possibilidade de treinar com a equipe profissional do Minas Brasília. "Naquele momento, eu já fiquei muito alegre. Eu estava muito feliz, pulava de alegria", comentou. Ao chegar no centro de treinamento, foi recebida pela presidente Nayeri Albuquerque. A zagueira soube da chance de vestir a Amarelinha em meio às demais atletas do grupo. "Quando ela me falou, eu não acreditei. No primeiro momento, eu não acreditava que tinha sido convocada. Quando eu ouvi a notícia, explodi de alegria", vibrou.

O chamado ainda envolve amizade e uma "premonição do pai". Durante a participação na Copa Nike de 2024, Marlon idealizou a convocação da filha ao lado da meio-campista e amiga Lara Azevedo — ex-atleta do Minas Brasília e, hoje, no Internacional. O desejo paterno, de fato, se realizou.  "Por incrível que pareça, ano passado, meu pai falou para mim e para Lara que nós seríamos convocadas para Seleção Brasileira. E nós fomos juntas. Estamos muito felizes por isso", celebrou.

Joia da base

Especializado na formação de meninas através dos núcleos espalhados pelo Distrito Federal, o Minas Brasília está em êxtase com as convocações de Micaelly Galvão e de Lara Azevedo. O chamado da zagueira tem gosto especial para a presidente Nayeri Albuquerque. A dirigente reforçou o trabalho e o investimento nas categorias de base do clube, com o intuito de fazer as garotas figurarem nas prateleiras mais altas do futebol feminino. "Nós estamos muito felizes. A Micaelly é fruto de um grande trabalho que nós fazemos ao fomentar a base aqui em Brasília. Ela foi vista e convocada. Esperamos que nós possamos cada vez mais revelar novas atletas", prospectou.

Com ambição, Micaelly projeta um futuro brilhante na carreira. A brasiliense tem o sonho de seguir defendendo a Amarelinha e, um dia, levantar o troféu da Copa do Mundo — a edição de 2027 será disputada no Brasil e em Brasília. Entre os desejos, a zagueira sonha com Bola de Ouro. Vencer com o Minas Brasília, clube responsável por formá-la, também brilha os olhos da garota. "Sei que não será algo fácil. Mas, eu vou me esforçar, vou me dedicar, dar o meu sangue em cada treino. Farei de tudo para que isso se concretize e se realize", exclamou.

Chegar tão cedo ao objetivo de defender a Seleção Brasileira faz surgir na zagueira o desejo de compartilhar a ambição com outras meninas da mesma idade. "Gostaria de falar para todas as atletas para nunca desistam dos sonhos delas. Deus está na frente de tudo. Ele sempre fará o possível. Eu tenho certeza que, um dia, vocês vão conseguir realizar seus sonhos. É só acreditar em Deus", profetizou. Micaelly deu o primeiro passo em direção a uma trajetória sólida. Ciente da longa trajetória pela frente, a nova joia do futebol feminino do Distrito Federal renova as forças e faz da alegria um combustível extra para chegar ainda mais longe.

*Estagiária sob a supervisão de Danilo Queiroz

 

 


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postado em 18/07/2025 05:01
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