ATLETISMO

Caio Bonfim está a uma medalha do Olimpo do Brasil em Mundiais

Impulsionado pela prata nos 35km do Mundial, brasiliense ensaia a marcha pelo ouro nos 20km nesta sexta-feira (19/9) para alcançar o quarto pódio e se tornar o recordista do país na competição

Caio Bonfim levará a experiência de prata dos 35km para a sua especialidade, o percurso de 20km -  (crédito: Antonin Thuillier/AFP)
Caio Bonfim levará a experiência de prata dos 35km para a sua especialidade, o percurso de 20km - (crédito: Antonin Thuillier/AFP)

Caio Oliveira de Sena Bonfim é a prova de que o mundo da marcha atlética dá grandes voltas. Quatro anos atrás, vivia uma das maiores decepções da carreira ao concluir os 20km com a 13ª colocação nos Jogos Olímpicos de Tóquio. O resultado foi o segundo pior dele no megaevento, atrás somente do 39º em Londres-2012 "Queria passar a linha de chegada com a sensação de que dei tudo que podia. E eu fiz isso. Mas nem todo dia a gente consegue fazer a melhor prova", lamentou naquele 5 de agosto. Nesta sexta-feira (19/9), 1.506 dias depois, compete a distância no Japão com outra áurea e possibilidade ainda mais real de pódio e ouro no Mundial de Atletismo. A largada será dada às 21h50 (de Brasília), com transmissão do SporTV3.

O Brasil entrou no Mundial no Japão com 47 atletas, mas somente um medalhou após uma semana de disputas. Sete dias atrás, Caio Bonfim fez um esforço hercúleo para superar os 35km em 2h28min55s — prova que não é a especialidade ele — e, nos últimos metros, reivindicar a prata. O desempenho do marchador de Sobradinho nas últimas competições gera otimismo e permite ao país sonhar com o terceiro ouro na história do evento exclusivo do atletismo e se juntar a Alison dos Santos (400m com barreiras) e Fabiana Murer (salto com vara). Por que não também se tornar o brasileiro mais premiado no evento? Empatado com Claudinei Quirino (200m e revezamento 4x100m), o brasiliense pode se tornar absoluto na oitava participação.

Para realizar o sonho de novo pódio no Mundial, Caio Bonfim e comissão técnica foram cautelosos. O Japão encara um verão rigoroso e de alta umidade. O cenário levou a uma preparação especial, muito mais focada na regeneração devido ao desgaste dos 35km do que em treinos pistas. "Trabalhamos esta semana com fisiologia, fisioterapia para ele recuperar o máximo possível. Está bem recuperado muscularmente, corpo, energia, carboidrato, nitrogênio e essas coisas todas", explica ao Correio a treinadora e mãe marchador, Gianetti Bonfim direto de Tóquio.

Presente em todas as conquistas do filho, Gianetti alerta para o cuidado além dos campeonatos. "Não é só treinar, existe a parte científica de conhece e tratar o corpo", explica. Perguntada sobre como projeta a prova, a mãe e treinadora é cautelosa. "Não tem como. A marcha atlética é uma prova com 15 atletas que podem vencer e ganhar medalha. É uma prova de altíssimo nível. Hoje, os países têm os seus melhores atletas de todos os tempos. Têm países com três", analisa, com o conhecimento de causa de oito títulos brasileiros como atleta.

Caio Bonfim: três medalhas em mundiais e em busca da quarta
Caio Bonfim: três medalhas em mundiais e em busca da quarta (foto: Kleber Sales/CB/D.A. Press)

A temporada tem tudo para terminar bem onde começou bem. Durante o Campeonato Japonês, em Kobe, o brasiliense foi terceiro colocado e atualizou a melhor marca do país, de 1h17min44s para 1h17min37s. "Quebrei recorde brasileiro, fui para a China e fiz 1h18min. Ganhei uma etapa muito difícil na Europa, em Portugal. Derrotamos um sueco. Tive influenza em uma etapa na Polônia, mas ficou em segundo lugar. A última etapa foi o Troféu Brasil, em São Paulo. Fui campeão brasileiro na pista. O trabalho está sempre benfeito. Agora, é trabalhar na altitude para o Mundial de Tóquio", destacou Caio, antes de embarcar para o desafio mais nobre do ano. A melhor marca do planeta pertence desde 2015 ao japonês Toshikazu Yamanishi, de 1h16min10s.

Caio não representará o Brasil sozinho. Na mesma prova, torcerá por Matheus Corrêa. A melhor marca do catarinense de 26 anos é de 1h20min19s. As chances de pódio são baixas. Outro brasiliense da turma, Max Batista tentará marchar abaixo de 1h22min01s, o melhor índice dele. No feminino, a maior esperança é Viviane Lyra. A carioca de 32 anos tem como grande resultado na competição o 4º lugar na edição passada, em Budapeste-2023. Quem tentará surpreender é Gabriela Muniz, 23 anos. Ela é mais uma da linha de produção do Centro de Atletismo de Sobradinho (Caso-DF). A pernambucana Erica Sena completa o time das mulheres do Brasil nos 20km.

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postado em 19/09/2025 05:13
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