ATLETISMO

A história por trás das alianças e do ouro de Caio Bonfim

Esposa de Caio Bonfim conta ao Correio que anel de casamento perdido na rota dourada do Mundial é fruto de pacto da união dos pais dele. Juliana acha joia com ajuda da IA e revela a força do beijo nos arcos familiares nas corridas

"Eu perdoaria o Caio mesmo se ele não tivesse ganhado medalha", assim Juliana, esposa de Caio Bonfim, iniciou a entrevista ao Correio sobre o inusitado caso da perda da aliança de casamento do medalhista de ouro nos 20km da marcha no Campeonato Mundial de Atletismo, em Tóquio, no Japão.

Depois de se tornar o recordista de pódios do país na história da competição inaugurada em 1976 na cidade sueca de Malmö, o brasiliense de 34 anos compartilhou uma perda em entrevista ao SporTV no Estádio Nacional:

“A minha aliança caiu no terceiro quilômetro de prova, e falei: ‘acho que minha esposa só vai me perdoar se eu conseguir outro ouro’. Fiz umas quatro voltas tentando falar que meu anel estava lá no chão e creio que vou ser perdoado. Vou encontrar a aliança, vou lutar”.

Caio e Juliana se casaram em 26 de novembro de 2016. A história do par de alianças tem a ver com outra linda união. João Sena e Gianetti, treinadores do filho, têm um pacto: a cada 10 anos juntos, eles compram novos anéis. Quando o filho e a nora marcaram a cerimônia, ambos decidiram fazer uma surpresa.

“Eles tinham 30 anos de casados e deram as alianças dos 10 e dos 20 anos de presente. Nós derretemos e fizemos as nossas”, revelou Juliana, emocionada, em entrevista ao Correio.


https://www.correiobraziliense.com.br/webstories/2025/04/7121170-canal-do-correio-braziliense-no-whatsapp.html 

Virada depois de madrugar testemunhando e celebrando a glória familiar, ela compartilhou uma outra intimidade: Caio usa duas alianças.

“A outra fui eu quem deu para ele. Tem o nome de dois dos nossos três filhos: o Miguel, de seis anos, e o Théo, quatro. O terceiro é recém-nascido. O Manuel tem só dois meses”, compartilha Juliana.

O poder das alianças também tem a ver com a fé do casal. Caio e Juliana são evangélicos da Assembleia de Deus, em Sobradinho, e o marchador cumpre um ritual familiar a cada desafio.

“Quando começa a prova, ele beija as duas alianças. Durante a prova, ele beija novamente quando faltam forças e ele está em dificuldade”, diz Juliana.

O marido chegou a ocupar o 24º lugar no segundo pelotão, assumiu a liderança, caiu para o sétimo lugar, mas disparou nos últimos quilômetros e entrou sobrando no Estádio Nacional até conquistar o inédito ouro em 1h18min35s.

A perda da aliança não é inédita na história do casal. Juliana também perdeu a dela em uma praia de Aracaju, em 2020, nas férias do casal. Entrou no mar com a joia, e ela escorregou dos dedos. Caio a presenteou com uma nova.

O valor sentimental da aliança de Caio motivou Juliana a fazer uma investigação. Quando os filhos dormiram, ela revirou as redes sociais japonesas atrás de pistas e achou. Uma voluntária responsável por ajudar os atletas na hidratação recolheu.

No relato compartilhado ao Correio, o auxiliar da prova diz: “O atleta (Caio Bonfim) passava e apontava para a própria mão. No local havia um anel grosso, parecido com o do Senhor dos Anéis, caído no chão. Algumas pessoas viram e avisaram. Foi levado para a sede do Campeonato Mundial e deve ser entregue ao atleta”.

Antes do fim da entrevista, Juliana brincou com a reportagem. “Eu agi como uma repórter investigativa”, brincou, feliz da vida, auxiliada pela Inteligência artificial na tradução de conversas em japonês.

 

 

Mais Lidas