
Jamais considere a ida de um líder como Carlo Ancelotti a um estábulo de sumô no dia de folga um rolé aleatório. Na última quinta-feira (16/10), o técnico italiano da Seleção publicou na conta pessoal no Instagram uma visita ao tradicional Tamanoi Stable, em Tóquio, depois da primeira derrota do Brasil sob o comando dele para o Japão, na última terça-feira, por 3 x 2.
Carlo Ancelotti disse pouco sobre o encontro, mas manifestou admiração pelo esporte nacional do Japão. "Como entusiasta da modalidade, eu me senti honrado por ser convidado por este estábulo de sumô, o coração das antigas tradições culturais do Japão", escreveu a 237 dias do início da Copa do Mundo no Canadá, nos EUA e no México.
As raízes do sumô estão ritual xintoísta. O esporte trabalha princípios como honra, disciplina e respeito. Uma das palavras-chave é autocontrole. O Brasil desmoronou depois do erro do zagueiro Fabrício Bruno e permitiu a virada do Japão. "A equipe caiu mentalmente após o primeiro gol. Esse foi o maior erro. O erro nos afetou demais", admitiu o treinador.
A interação com modalidades e até culturas diferentes tem servido como ferramenta para conquistas. Pep Guardiola procurou o russo Garry Kasparov para beber da fonte do xadrez. Trocou ideias com o ator e diretor de cinema Woody Allen sobre basquete. Trocou ideias com o argentino Julio Velasco sobre vôlei e foi atrás do matemático Adrián Paenza.
Um dos maiores técnicos da história da NBA, a liga de basquete dos Estados Unidos, Phil Jackson criou um modelo de liderança combinando o Zen Budismo com princípios de psicologia e humanismo para fazer da unidade, confiança e desapego do ego os trunfos para colecionar 11 títulos: seis à frente do Chicago Bulls de Michael Jordan, Scottie Pippen e Denis Rodman; e outros cinco com o Los Angeles Lakers de Kobe Bryant e Shaquillle O'Neal.
Em 2008, Doc Rivers levou o Boston Celtics à glória na NBA usando o Ubuntu como aliado. O mantra "o sucesso de um dependia do sucesso de todos" entrou na mente dos jogadores. "Uma ex-colega de faculdade, Stephanie Russell, explicou o conceito central do ubuntu - eu não posso ser tudo o que posso ser, a menos que você seja tudo o que pode ser e me fisgou", testemunha o treinador. Paul Pierce e companhia compraram a ideia à época.
Antes da Copa do Mundo de 2018, Tite usou o livro Legado — 15 lições de liderança — sobre o time de rúgbi da Nova Zelândia. Os All Blacks acumulava um bicampeonato na Copa do Mundo da modalidade nas edições de 2011 e de 2015. Abel Ferreira vai religiosamente ao Grande Prêmio de Fórmula 1 do Brasil, em Interlagos, misturar futebol e automobilismo.
Leia também Cristiano Ronaldo tem 25 gols em 29 jogos na era Roberto Martínez
"O foco e a concentração são determinantes neste tipo de provas, e no futebol é a mesma coisa. A única diferença é que ali são 11 dentro do campo que trabalham em harmonia, em sintonia, e acho que isso acaba por ser o segredo, é como colocar 11 jogadores a frear ao mesmo tempo na mesma curva e a acelerar também ao mesmo tempo na saída da curva, esse é o segredo", explicou o treinador português em uma das idas ao GP do Brasil.
Técnico da seleção da França desde 2012, Didier Deschamps não larga a mão do psicólogo Guy Stephan. A parceria com o coach e fiel escudeiro completará 14 anos na Copa de 2026.
Enquanto busca inspirações para colocar a Seleção nos trilhos no ciclo mais desorganizado da história, Carlo Ancelotti projeta os amistosos da próxima Data Fifa. A CBf confirmou, ontem, os duelos com Senegal, em 15 de novembro, no Emirates Stadium, casa do Arsenal; e depois com a Tunísia no dia 18, no Decathlon Arena, em Lille, na França.
Em entrevista ao site da Fifa, Ancelotti mencionou outras desafios. Além de aprimorar os estudos de língua portuguesa para falar fluentemente até a Copa do Mundo, o italiano pretende decorar a letra do Hino Nacional. "Gostaria de cantar com os jogadores. Tenho um ano pela frente para conseguir. É um momento muito especial", explica.

Esportes
Esportes
Esportes
Esportes
Esportes
Esportes