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Japão x Brasil: Ancelotti troca os pés pelas mãos no amistoso em Tóquio

Crítico dos goleiros-linha e das saídas de bola que viram assistências para os adversários, técnico italiano da Seleção testa Hugo Souza, candidato a goleiro-goleiro na lista final para a Copa de 2026

Na sequência de testes buscando um ajuste fino a oito meses da Copa do Mundo de 2026, a Seleção Brasileira dará a primeira chance a um goleiro fora dos padrões do futebol moderno, mas totalmente dentro das características de gosto pessoal do técnico Carlo Ancelotti. Excelente com as mãos, mas pouco confiável com a bola nos pés, o goleiro Hugo Souza terá, hoje, às 7h30, no amistoso contra o Japão, no Ajinomoto Stadium, a oportunidade de agradar o italiano e encaminhar uma possível convocação para defender o país na luta pelo hexacampeonato.

Em tese, um grande goleiro deve, de fato, se destacar com as mãos. Mas o dinamismo do esporte bretão exige algo a mais. Ter facilidade de lidar com a bola nos pés virou um diferencial importante na visão de vários técnicos. No entanto, ao longo da carreira, Carlo Ancelotti teve isso à disposição em raras oportunidades. O italiano gosta mesmo de um arqueiro raiz. O destaque maior precisa, mesmo, ser nas defesas e não na troca de passes para iniciar jogadas com a pelota no chão em direção ao ataque.

Voltar no tempo evidencia a preferência do italiano. No Milan multicampeão do início do século XXI, Ancelotti tinha como titular o brasileiro Dida, presente em três Copas do Mundo e pentacampeão com a Seleção Brasileira em 2002. No Real Madrid, o belga Courtois também não tem como principal característica a qualidade com a bola nos pés. Por duas temporadas, o técnico teve à disposição a principal referência mundial no quesito nos últimos anos: o alemão Neuer. Uma das oito novidades na escalação para o amistoso contra o Japão, Hugo Souza conta justamente com essa brecha para mostrar serviço.

Obedecendo ao rodízio de amostragem adotado pelo técnico italiano, o arqueiro do Corinthians começará uma partida defendendo a Seleção Brasileira pela primeira vez na carreira e poderá reforçar os elogios prévios de Ancelotti. Para isso, basta se destacar com defesas. "Vejo muitos goleiros que fazem assistências para os adversários, por tentarem fazer o que não sabem. Para mim, o mais importante é ser bom com as mãos", indicou o italiano.

"A convocação de Hugo é uma avaliação que faz a comissão técnica. Ele é bom nos pênaltis, mas é bom goleiro também. Tem caráter, trabalha bem. A primeira coisa que eu gosto, que Taffarel (preparador de goleiros) também gosta é ser bom com as mãos antes dos pés", observou. "Queremos vê-lo atuar com a camisa da Seleção. É uma camisa que pesa. Toda a comissão tem muita confiança nesses goleiros e acho que vão jogar muito bem", indicou o treinador, tecendo elogios ao estreante do dia.

Em fase de retomada da carreira com a camisa do Corinthians, Hugo Souza não escondeu a ansiedade de viver a primeira experiência atuando pela Seleção. "A expectativa está a mil, é a melhor possível. É a realização de um sonho. Trabalhei a minha vida inteira para chegar nesse momento. Que bom que agradei ao mister, ao Taffarel e à comissão para ter essa oportunidade. Agora, é entrar em campo, fazer o que sei fazer e o que me trouxe até aqui. Tem a ansiedade e o frio na barriga, que são comuns. Que seja o primeiro de muitos. Estou muito feliz com essa oportunidade", celebrou.

Presente em todos os chamados de Ancelotti, Hugo não vê o duelo contra o Japão como um simples teste. Para o goleiro, é a oportunidade de encaminhar o passaporte para a Copa do Mundo. "Não é só um amistoso. Para mim, particularmente, é a realização de um sonho da minha família, do meu pai e de todo mundo que me acompanhou desde sempre. Vou levar tudo isso para dentro do campo, todas as energias positivas que me trouxeram até aqui, para que eu possa dar o meu melhor e ajudar a equipe a sair com a vitória", garantiu.

Se for um "defeito" no estilo de jogo, a pressão para jogar com os pés será zero e, com a mãos, Hugo Souza pode cair ainda mais nas graças da comissão técnica de Carlo Ancelotti. Se as grandes defesas pelo Corinthians o credenciaram a vestir a camisa da Seleção Brasileira, o arqueiro aposta no mesmo método para manter a boa impressão e se destacar nos 90 minutos do teste de ouro diante do Japão.

FICHA TÉCNICA

JAPÃO X BRASIL

JAPÃO - Zion Suzuki; Seko, Watanabe e Junnosuke Suzuki; Ito, Sano, Tanaka e Nakamura; Minamino, Doan e Ogawa. Técnico: Hajime Moriyasu.

BRASIL - Hugo Souza; Paulo Henrique, Fabrício Bruno, Lucas Beraldo e Carlos Augusto; Casemiro, Bruno Guimarães e Lucas Paquetá; Luiz Henrique, Vini Júnior e Gabriel Martinelli. Técnico: Carlo Ancelotti.

ÁRBITRO - Kim Jong Hyeok (Coreia do Sul).

HORÁRIO - 7h30 (de Brasília).

LOCAL - Ajinomoto Stadium, em Tóquio, Japão.

ONDE ASSISTIR - Globo, SporTV e GE TV

 


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