Inovação

Arquiteta propõe criação de escola exclusiva para EJA e EPT no DF

Em sua monografia, a recém-formada Amanda Seixas sugere a construção de um espaço para o Ensino de Jovens e Adultos (EJA) e a Educação Profissional e Tecnológica (EPT) no Recanto das Emas

Lara Costa*
postado em 02/02/2025 06:00 / atualizado em 03/02/2025 15:57
Projetada para o Recanto das Emas, o espaço poderia atender 175 alunos por turno: "Seriam 525 alunos em capacidade máxima"
 -  (crédito: Arquivo Pessoal)
Projetada para o Recanto das Emas, o espaço poderia atender 175 alunos por turno: "Seriam 525 alunos em capacidade máxima" - (crédito: Arquivo Pessoal)

Amanda Seixas, 22 anos, ex-estudante de arquitetura e urbanismo no Centro Universitário de Brasília (Ceub), apresentou o trabalho de conclusão de curso (TCC) em dezembro de 2024, propondo a criação de uma escola própria para o Ensino de Jovens e Adultos (EJA). O espaço é um Centro de Ensino de Jovens e Adultos (Cejaep), e a ideia é que nele, também sejam ofertadas vagas para a Educação Profissional e Tecnológica (EPT), a fim de ampliar a utilização do local e aumentar a visibilidade da modalidade no país.

O projeto foi vislumbrado no Centro Canela-de-Ema, no Recanto das Emas, região administrativa (RA) do Distrito Federal. A vontade de fazer o trabalho na área da educação surgiu por um motivo pessoal: a mãe foi professora na Secretaria de Educação (SEEDF) e questionava o fato de não haver escolas suficientes voltadas para jovens e adultos. "Muitas vezes, quando o EJA é dentro de uma escola que não é específica para isso, ele fica como um projeto", explica.

Para isso, a arquiteta fez uma série de estudos, explorando a história do EJA e da EPT no Brasil, a importância dessas alternativas para os estudantes e como é a dinâmica das aulas em ambos os ensinos para planejar a construção da escola. "Planejei de forma que, se no futuro, não precisar ofertar mais o EJA, a escola poderia ficar obsoleta, então incorporei o EPT ao projeto, para garantir", acrescenta. 

Processo

Ao longo dos estudos, Amanda enfrentou dificuldade em achar um local para fazer o projeto, um lugar que seguisse todos os parâmetros urbanísticos necessários. "Foi difícil unir tudo que precisava ter  em uma escola para jovens e adultos com ensino profissional no tempo que eu tinha. Acho que, para todo estudante que trabalha, unir as duas coisas é a parte difícil, mas ainda consegui levar de uma forma bem tranquila", conta.

Ela fez uma pesquisa para saber qual local seria mais adequado, baseando-se nos dados do Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (Pdad) de 2021. "Quando pesquisei, Recanto das Emas era a terceira RA com maior número de adultos acima dos 25 anos sem escolaridade (8,92%), e a RA com maior número de pessoas com cinco anos ou mais que não sabem ler e escrever (8,95%) do DF", detalha.

De acordo com Amanda, a escola beneficiaria cerca de 175 alunos por turno, ou seja, teria capacidade máxima de 525 estudantes com aula nos 3 períodos. Além de salas multiúso, Amanda planejou um anfiteatro, visando um espaço artístico para os estudantes se expressarem.

A professora Ana Maria Mota, orientadora da arquiteta, defende que a abordagem da educação tem tudo a ver com a arquitetura. "No curso, temos um olhar atento às questões sociais. Temos, inclusive, um semestre dedicado ao tema educação. Então, é muito recompensador saber que uma aluna, ao final do curso, decidiu fazer um projeto dessa natureza."

Planos futuros

A monografia foi aprovada com nota máxima pela banca examinadora, que afirmou que a proposta poderia ser levada para frente, sugerindo levá-la para alguma instituição competente, como a Secretaria de Educação, ou para algum político que pudesse apoiar a causa. 

Mesmo sendo um trabalho acadêmico, a professora acredita que o projeto pode despertar o interesse de profissionais da área e de cidadãos comuns pelo tema, influenciando em outros projetos. "Acredito que esse trabalho, como está acontecendo agora, pode despertar o debate sobre o papel da educação e dos edifícios educacionais na cidade. E isso tudo foi despertado pelo olhar sensível que Amanda teve ao escolher o tema", diz Ana Maria. 

Mesmo com o desejo de investir no projeto, Amanda diz que está em um momento de crescimento na carreira. Atualmente, ela trabalha em um escritório, deseja focar em arquitetura de interiores e estudar para concurso público, visando estabilidade financeira. "Deixei de ser estudante e estagiária, agora estou trabalhando. Eu pretendo estruturar a proposta em algum momento, mas, agora, estou organizando o caminho."

*Estagiária sob a supervisão de Marina Rodrigues

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