INOVAÇÃO

Estudantes de Brasília criam cadeira de rodas com impressão 3D para cão

Fruto de mais de 50 horas de trabalho, o projeto mudou a vida do cãozinho Bili. As cadeiras de rodas comerciais ultrapassam o valor de R$ 1.200, enquanto o custo total do projeto desenvolvido pelos alunos foi de R$ 448,81

Júlio Noronha*
postado em 10/09/2025 15:28 / atualizado em 10/09/2025 15:31
A cadeira foi feita a partir das medidas do Poodle Bili, além das medições comuns como altura, largura do tórax e comprimento -  (crédito: Reprodução/instagram/@uniceub_oficial)
A cadeira foi feita a partir das medidas do Poodle Bili, além das medições comuns como altura, largura do tórax e comprimento - (crédito: Reprodução/instagram/@uniceub_oficial)

Uma parceria entre estudantes de Medicina Veterinária e Engenharia da Computação do Centro Universitário de Brasília (CEUB) realizou um verdadeiro milagre canino. Os alunos criaram uma cadeira de rodas para um cãozinho chamado Bili, jovem Poodle que nasceu sem as patas dianteiras.

A ideia partiu do projeto de iniciação científica das alunas Beatriz Miranda e Sarah Mazetti, e para sair do papel foram necessárias mais de 50 horas de dedicação. O resultado dos testes, estudos e muito trabalho foi uma cadeira de rodas anatômica de baixo custo, feita a partir de tecnologias de prototipagem rápida e impressão 3D.

A cadeira foi feita a partir das medidas do Poodle Bili, além das medições comuns como altura, largura do tórax e comprimento, também foram feitos um escaneamento 3D e um molde de gesso. Com a medida, os estudantes fizeram uma prototipagem digital em um software usado para criar, modificar e analisar projetos em 2D e 3D.

O processo para tirar a ideia do papel contou com a ajuda do curso de Engenharia, e os primeiros protótipos, mesmo apesar das dificuldades enfrentadas no processo de impressão, já se mostraram ser um sucesso nos testes com o pequeno Bili. 

A cadeira foi feita a partir das medidas do Poodle Bili, além das medições comuns como altura, largura do tórax e comprimento
A cadeira foi feita a partir das medidas do Poodle Bili, além das medições comuns como altura, largura do tórax e comprimento (foto: Reprodução/instagram/@uniceub_oficial)

“Mesmo sem estar totalmente adequada no primeiro teste, deu para ver que ele já demonstrava familiaridade com a cadeira”, destacou Sarah. As partes rígidas do objeto são feitas de plástico PLA (derivado de recursos de origem biológica renováveis), enquanto as áreas que ficam em contato com o cão foram pensadas para garantir o maior conforto do animal, constituídas de TPU flexível — tipo de filamento usado para impressão 3D.

Bruna Melo, a tutora de Bili disse só ter a agradecer ao projeto e ao carinho dos estudantes. Segundo ela o animal tem outra vida hoje, e só de poder se locomover com a ajuda da cadeira de rodas já é um avanço.

O responsável pela modelagem das peças foi o estudante de Engenharia da Computação, Arthur Dornfeld que destacou o projeto como um passo importante para sua carreira acadêmica: “Pude participar da criação de um produto real. Vi como surgem as ideias, como são avaliadas as viabilidades e como se chega a algo que faz diferença”, destacou o estudante.

O projeto também chamou atenção pelo baixo custo, que chega a ser 63% menor que o preço de uma cadeira de rodas comercial. As mesmas podem ultrapassar o valor de R$ 1.200, enquanto o custo total do projeto desenvolvido pelos alunos foi de R$ 448,81.

O marco é um avanço não só para o pequeno Bili, mas também para a medicina veterinária. O professor Carlos Alberto da Cruz Júnior destacou que o projeto tem potencial social, e por se tratar de algo de baixo custo, pode ser opção viável para ONGs clínicas animais.

“Mais do que um protótipo, o caso de Bili representa um avanço científico no Brasil. É o exemplo de como dedicação, pesquisa interdisciplinar e uso de novas tecnologias podem transformar vidas e abrir caminhos para soluções antes inimagináveis”, concluiu o professor Carlos Alberto.

 *Estagiário sob supervisão de Luciana Corrêa

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