Mérito

Estudante com 10 aprovações em medicina é premiado por redação do Enem

Teylan Maciel, 18 anos, recebeu este mês o Prêmio MEC da Educação Brasileira pelo desempenho na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)

Raphaela Peixoto
postado em 31/08/2025 06:00 / atualizado em 31/08/2025 06:00
Teylan alcançou 772 pontos na redação com o tema Desafio para a valorização da herança africana no Brasil
 -  (crédito: Arquivo Pessoal )
Teylan alcançou 772 pontos na redação com o tema Desafio para a valorização da herança africana no Brasil - (crédito: Arquivo Pessoal )

Teylan Maciel, 18 anos, recebeu, no início do mês, o Prêmio MEC da Educação Brasileira pelo seu desempenho na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2024. A entrega da premiação ocorreu em uma cerimônia no Palácio do Planalto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Educação, Camilo Santana, entre outras autoridades do governo federal.

“Foi uma experiência que eu mal sei descrever, foi emocionante”, conta Teylan, que esteve pela primeira vez em Brasília. Ao Correio, ele revelou que voltará à capital federal a convite do MEC para desfilar no tradicional Desfile de 7 de Setembro no próximo fim de semana.
Ao todo, 54 alunos foram reconhecidos pelo bom desempenho na redação. Em 2024, o tema foi Desafios para a Valorização da Herança Africana no Brasil. Eles receberam medalhas, smartphones e tablets doados pela Receita Federal. Esta foi a primeira edição do prêmio, que tem por objetivo promover ensino público. A ideia do governo é que ele seja entregue anualmente. 
A média geral de Teylan foi de 772 e conquistou um feito notável: a aprovação em 10 universidades para o curso de medicina, das quais sete são públicas. Entre as instituições de ensino em que ele passou está a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a Universidade Federal de Rondônia (Unir) e a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC/PR). 
A universidade escolhida foi a Unicamp. Natural do interior de Minas Gerais, Teylan morava em Porto Velho desde criança. Para estudar em Campinas (SP), ele contou com o apoio da dona do cursinho preparatório em que foi bolsista, que pagou seus dois primeiros meses de aluguel, e do diretor da escola, que custeou sua passagem de Belo Horizonte para Campinas. 
Ele atribui sua aprovação ao apoio que recebeu durante a preparação. “Eu só tô aqui por causa  das amizades que eu fiz, da minha família e de todo mundo que contribuiu para isso”, afirma o estudante. 

Técnica de Feynman 

O futuro médico prestou o Enem duas vezes: no segundo e no terceiro ano do ensino médio. Ele conta que nunca delimitou horários para estudar, preferindo não seguir cronogramas rígidos, sem delimitação de tempo. “Eu ia fazendo da forma como eu achava melhor com responsabilidade, lógico, mas tornava o processo menos regrado, assim, eu sentia que me sentia feliz, me sentia livre”, relembra Teylan. 
A principal estratégia usada por Teylan durante a preparação para o Enem foi aplicar a técnica de Feynman, a qual utliza até hoje com os estudos da faculdade. O método consiste em explicar um conteúdo de forma simples, seja para outras pessoas, seja para si mesmo. 
Para usar a técnica, o psicólogo Leandro Freitas Oliveira, doutor em Neurologia e Neurociências, professor do Programa de Doutorado da Universidade Católica de Brasília (UCB), explica que é preciso seguir os seguintes passos: escolher o tema a ser estudado; explicá-lo em voz alta ou por escrito, como se estivéssemos ensinando a uma criança; por fim, revisar e simplificar novamente, ajustando a explicação até que ela se torne clara, coesa e consistente. 
De acordo com o especialista, essa repetição. alternando e explicação, ativa revisa as regiões do cérebro atreladas à consolidação da memória e ao fortalecimento das conexões sinápticas, colaborando com uma aprendizagem mais sólida e duradoura. “Do ponto de vista cerebral, essa prática ativa tanto a memória de longo prazo, responsável pelo armazenamento do conhecimento, quanto as funções executivas, ligadas à organização do pensamento e à clareza da comunicação. Do ponto de vista cognitivo, o ato de ensinar estimula a metacognição, isto é, a consciência sobre o próprio processo de aprender”, afirma o psicólogo. 
Oliveira também ressalta que o método requer um investimento cognitivo maior do que a leitura passiva, uma vez que coloca o cérebro em modo ativo de reconstrução do conhecimento. Portanto, exige mais esforço. “Estudos em psicologia da aprendizagem mostram que esforço desejável, o trabalho mental mais intenso durante o aprendizado, está relacionado a melhores resultados a longo prazo. Assim, embora demande mais tempo, pode reduzir a necessidade de revisões posteriores”, conclui o especialista. 

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